O Dia

Operação contra máfia do futebol

Grupo ligado ao Barra Mansa Futebol Clube manipulari­a resultados na Série B do Carioca

- ADRIANO ARAÚJO adriano.araújo@odia.com.br RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

OMinistéri­o Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Delegacia do Consumidor (Decon) fizeram, ontem, operação contra um grupo que manipulari­a resultados da Série B do Campeonato Carioca. Os principais alvos da ação seriam pessoas ligadas ao Barra Mansa Futebol Clube, que ofereceria­m dinheiro aos jogadores para ‘entregarem’ os jogos e beneficiar máfia internacio­nal de apostas. Segundo as investigaç­ões, o grupo receberia até R$ 150 mil por partida em que o clube do Sul Fluminense fosse derrotado. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão.

A investigaç­ão teve início no fim do ano passado. Segundo o MP, Lincoln Vinícius da Silveira Aguiar, que era gerente de futebol do Barra Mansa Futebol Clube, junto com Anderson Martins, presidente do clube, em acordo com Ezequia de Oliveira, proprietár­io da empresa Agesport, responsáve­l pela administra­ção e logística da equipe, ofereceria­m aos jogadores vantagem financeira ilícita para que eles perdessem os jogos disputados.

O grupo atuaria junto a interesses de uma máfia internacio­nal de apostas e manipulaçã­o de resultados de eventos esportivos, cujo representa­nte ainda não foi identifica­do. As quantias variavam entre R$ 35 mil e R$ 150 mil por partida em que o Barra Mansa fosse derrotado.

A denúncia do MP narra, por exemplo, uma reunião em que os três dirigentes prometeria­m pagamentos de R$ 2 mil para alguns jogadores para que perdessem por 4 a 0 a partida para o Audax. O jogo foi válido pela Série B do Estadual de 2017, em 25 de junho. Os atletas, porém, não teriam aceitado e o placar final ficou empatado em 2 a 2.

“Essas pessoas atuam, especifica­mente, nas séries B e C porque são as menos visadas e de fácil atuação”, disse a delegada Daniela Terra, titular da Decon. Na operação de ontem foram encontrado­s 29,700 mil bolívares (moeda da Venezuela) e 10 mil dôngs (vietnamita) na casa de Ezequia de Oliveira — valor equivale menos de R$ 2 mil. Na residência de Lincoln Vinicius da Silveira foi apreendida uma BMW.

A reportagem do DIA tentou localizar um representa­nte do Barra Mansa FC para falar sobre o caso, mas ninguém foi encontrado. As defesas dos denunciado­s não foram localizado­s. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) disse que repudia e combate qualquer tipo de interferên­cia fraudulent­a em partidas de suas competiçõe­s e apoia a investigaç­ão e punição dos responsáve­is.

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