LEVE PARA A URNA A ‘COLA’ COM NÚMEROS DOS CANDIDATOS.
das intenções de votos, Marcelo Trindade, de 53 anos, do recém-criado Partido Novo, participa hoje da série de entrevistas do
com candidatos ao governo do Rio. Advogado e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ele recebeu a missão após o técnico de vôlei Bernardinho, mais uma vez, ter desistido de concorrer à eleição a pedido da família. Trindade tem a Segurança como prioridade. Mas é na Educação a proposta mais polêmica: estimular o pagamento de mensalidades aos alunos de universidades públicas.
N O DIA: Qual é a prioridade do governo, caso eleito?
L
O Rio tem três prioridades: Segurança, Educação e Saúde. Por importância teórica, diria Educação. Mas temos uma emergência, a Segurança. Precisamos reduzir a violência sob pena de não resolver as outras coisas adequadamente porque a gente não conseguirá recuperar a atividade econômica.
N Como reduzirá?
L Primeiro, manter o que está sendo feito pela intervenção federal. Com investimento a longo prazo seja em recursos ou na organização das polícias. Já está produzindo frutos em termos de estatísticas. Para que a estrutura (da Segurança) funcione bem, daremos estabilidade aos comandos. Em 10 anos, tivemos 10 comandantes da Polícia Militar e seis chefes da Polícia Civil. Isso não funciona. O comandante da PM e o chefe de polícia têm que seguir com o governador até o final. Temos de dar mecanismos de investigação e tecnologia para combatermos o crime organizado de forma eficaz. Com menos confronto e mais inteligência.
N Como funcionará na prática?
L Ficarão estabelecidas metas, como redução de letalidade policial e de confronto, investigação, apreensão de armas, redução de crimes, aumento de apuração de delitos. Darei os meios que as polícias precisam.
N Mas se não cumprirem os demitiriam?
L Se for o caso, sim. Mas nunca por influência política para agradar.
N Pedirá apoio das Forças Armadas?
L Teremos de ter um novo decreto de Garantia da Lei e da Ordem e tentar manter o máximo de recursos humanos e financeiro no estado vindos da União.
N É a favor da polícia de confronto?
L O confronto é um acidente no policiamento ostensivo. Num estado em que se tem gente andando de fuzil na mão e vedando acesso às comunidades, evidentemente que o policiamento ostensivo tem que fazer algo em relação a isso. Mas temos que trabalhar mais com investigação no lugar do confronto.
N As polícias não têm estrutura. Não tem carro para trabalhar, por exemplo.
L Foram feitas duas licitações pelo gabinete de intervenção para adquirir carros para a Polícia Civil. Precisamos reconhecer o esforço que está sendo feito para dar estrutura à Civil e à PM.
N O Partido Novo foi recém-criado. Como será o seu relacionamento com a Assembleia Legislativa (Alerj), que até então pratica a política tradicional?
L Se um candidato desconhecido, de um novo partido, ganha, a mensagem do eleitor é clara por mudança. Os políticos vão entender. Claro que terá um pedaço da Alerj que será surdo à mensagem. Mas será minoria. Uma parte dos deputados será renovada. Estimo uns 40%. A negociação voltará ao que sempre foi. Não era só um toma lá, dá cá. No primeiro governo do Fernando Henrique, havia construção de maiorias para a aprovação de medidas específicas. No projeto de reeleição, abriu-se a Caixa de Pandora do toma lá, dá cá, que deu no mensalão e nessa forma de governar distorcida que se espalhou.
N Mas será fácil assim? Temos três deputados presos por corrupção.
L Não disse que será fácil. Insisto: político sabe ler voto. E a população do Rio vai cobrar. O Collor confiscou o nosso dinheiro, mas aprovou a Medida Provisória do confisco em 20 dias. O presidente e governador eleitos, com maioria dos votos, nos primeiros 180 dias, terão apoio popular. Tenho certeza que os políticos do Rio vão entender a mensagem porque será diferente daquela que viria caso Eduardo Paes (DEM) e Romário (Podemos) fossem eleitos.
N O senhor tem 2% das intenções de votos. O desempenho era o esperado?
L Adoraria estar com 10%. Mas vejo na rua muito apoio à proposta do partido. A dificuldade é de informação. Muita gente tem capacidade de avaliar a necessidade da mudança. Tenho esperança de uma virada final.
N Em Minas, tem candidato ao governo do Partido Novo pregando voto a Jair Bolsonaro (PSL), caso de Romeu Zema.
L Foi uma frase infeliz. No debate, ele disse: “Quem quiser votar diferente, vota João Amoêdo (Partido Novo) ou vota Bolsonaro”. João é o melhor candidato disparado. N No programa de governo, o senhor prevê a cobrança de mensalidade nas escolas públicas. Como Assim?
L Não será cobrança. Vamos estimular a contribuição dos alunos que podem pagar na Uerj (Universidade do Estado do Rio), Uezo (Centro Universitário Estadual da Zona Oeste) e na Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense).
N Acredita mesmo vão querer pagar?
L O governante tem que ser honesto. A Uerj está sem recurso para se manter. Fiz uma comparação: é possível pagar 5% da folha dos funcionários ativos com a contribuição. Tenho ainda a proposta de mutirão com pais, alunos e professores de mandarem fotos para produzirmos diagnósticos das escolas e ver as urgências. Hoje, podemos ter uma catástrofe. Há graves problemas de manutenção. Escolas e hospitais não são museus. Tem crianças e doentes dentro.
N Qual é a proposta para a Saúde?
L Plano de gestão. Com hospital de referência comandando uma área de atendimento. Terá médico de família, UPAs e, eventualmente, hospitais especializados. Mede-se e remunera-se não mais por atendimento como ocorre hoje. Mas, sim, pelo resultado da qualidade do atendimento. Outra vertente é atender o paciente pelo celular, com registro único, informações consolidadas e organização de consultas.