DESAFIOS DO GOVERNADOR E DO PRESIDENTE
Desafios na economia e combate à corrupção
Quando vestir a faixa presidencial no dia 1º de janeiro de 2019, o próximo presidente não terá tempo de comemorar a posse da eleição mais polarizada da história. Há muito o que ser feito. Segundo especialistas ouvidos pelo DIA, há graves problemas em pilares de funcionamento do bem-estar da sociedade: Saúde, Educação, Emprego, Segurança e Economia.
Entre vários especialistas, uma opinião é unânime: a necessidade do reequilíbrio das contas públicas. Na sextafeira, o Banco Mundial chegou a cortar a previsão de crescimento do Brasil em 2018 pela metade, de 2,4% para 1,2%. E a projeção para o desempenho econômico no próximo ano também diminuiu, de 2,5% para 2,2% de expansão. A instituição avaliou que o país é afetado por altos déficits fiscais.
“É urgente o ajuste fiscal, a melhoria nas contas públicas, pois se gasta mais do que se arrecada. Nesse contexto, a Reforma da Previdência me parece a melhor solução. É algo que todos os presidenciáveis já sinalizaram que pretendem concretizar. Caso contrário, haverá uma retração lenta da economia”, afirmou José Ronaldo de Castro, Diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “A outra opção seria aumentar os impostos. Mas, na atual situação, seria um tiro no pé”, completou.
A questão orçamentária também é apontada como a raiz dos demais problemas por Wagner Siqueira, presidente do Conselho Federal de Administração. “É um problema de gestão. Há mais gasto do que arrecadação. Além disso, o presidente e o governador podem decidir como mudar o uso do dinheiro, sem aprovação do parlamento. Isso gera um orçamento fictício além de favorecer a corrupção. O orçamento impacta em todos os outros setores: Saúde, Educação, Segurança”, analisou.
Para o cientista político da Fundação Getúlio Vargas, Sérgio Praça, a população não irá tolerar mais corrupção. “Após a Lava Jato, a sociedade passou a acompanhar a nomeação de ministros, por exemplo. Cristiane Brasil (que respondeu a processos trabalhistas) foi impedida de assumir um Ministério por pressão da opinião pública. Então, a transparência será mais cobrada, e isso é muito bom”, disse.
A busca por uma boa governabilidade também é apontada como um desafio. “O presidente dependerá de uma sólida base de apoio no Congresso para aprovar as reformas necessárias para a superação da crise. O cenário de polarização dificulta a governabilidade. Quem assumir deverá buscar uma convergência para o chamado centro. Isso poderá ser sinalizado de forma mais intensa ainda no segundo turno”, afirmou Guilherme Marques, cientista político da FGV.