O Dia

Projeto solidário criado por tatuador beneficiou mais de 400 mulheres com câncer de mama no país

- RENAN SCHUINDT renan.schuindt@odia.com.br

Moradora de Paracaima, no interior do estado de Roraima, Olinda Souza viajou até o Rio para ‘recriar’ as aréolas mamárias. Ela faz parte de uma lista de mais de 400 mulheres com câncer de mama que optaram pela tatuagem, feita de forma gratuita pelo projeto ‘Redesenhan­do sua Alegria’, idealizado há sete anos por Roberto dos Santos, conhecido como Beto Tattoo.

A ideia surgiu da vontade em ajudar pacientes que perdiam a confiança após o procedimen­to cirúrgico. “Essa é a melhor parte do meu trabalho. Além de proporcion­ar uma melhora na vida dessas pessoas, ainda nos tornamos amigos”, diz Beto, que atende em seu estúdio no Leblon.

UMA PESSOA NOVA

Olinda chegou a ir a São Paulo, onde havia agendado um procedimen­to parecido. No entanto, foi informada de última hora que deveria pagar R$ 1,5 mil. Desistiu. E, no mesmo dia, entrou em contato com Beto para fazer a tatuagem no Rio. “Quando o Beto me disse que não cobrava, quase não acreditei. Já acompanhav­a o trabalho nas redes sociais e sempre tive esperança de participar. Hoje sou uma nova pessoa e só tenho agradecer aos que me ajudaram”, diz Olinda.

ESTILO PRÓPRIO

A técnica aplicada para a reconstruç­ão dos mamilos e aréolas foi desenvolvi­da pelo próprio tatuador. A inspiração veio de profission­ais estrangeir­os que também fazem esse tipo de trabalho. “A tatuagem não é apenas para satisfazer a vaidade. A impressão é que as mulheres recuperam sua identidade de gênero. Nada me dá mais satisfação do que vê-las enfrentar o espelho sem medo”, argumenta. O projeto é mantido pelo próprio Beto, sem apoio de qualquer órgão. Para participar ou ajudar, o contato deve ser feito apenas pelo WhatsApp (21) 98346-1172.

SEM CIRURGIA

De acordo com Cássio Borges, mastologis­ta da clínica CuidarVc, a vantagem dessa técnica é evitar uma nova cirurgia. “Em alguns casos, as mulheres não lidam muito bem com novas cirurgias e se sentem inseguras até mesmo em relação à vida sexual. O procedimen­to ajuda a devolver a autoestima”, explica o especialis­ta. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país terá cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama até 2019.

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