Em Santa Cruz, milícia arregimenta traficantes
Para ganhar espaço na Zona Oeste, milicianos oferecem mais dinheiro a integrantes de facções
O objetivo é conquistar território na Favela de Antares, que é estratégica por ser próxima ao Porto de Sepetiba. Para isso, paramilitares prometem ganhos maiores que na venda de drogas.
Milicianos de Santa Cruz intensificaram uma tática na última semana com o objetivo de dominar totalmente as favelas da região: pagamentos mais altos a traficantes para convencê-los a trocar de lado. A informação foi repassada à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) e ao Ministério Público.
“A milícia tem mais dinheiro para oferecer do que o tráfico. Conta com recursos de diversas partes, inclusive de metade do lucro da venda de drogas da facção Terceiro Comando Puro em Santa Cruz”, afirmou o promotor Luiz Ayres.
A disputa por território no bairro da Zona Oeste teve mais um episódio na segunda-feira, logo após o término da computação dos votos do primeiro turno das eleições. Vestidos de preto ou usando fardas, milicianos tentaram expulsar traficantes do Comando Vermelho (CV) das favelas do Rola e de Antares. Foram mais de 10 horas de troca de tiros.
Separadas somente por uma rua, a do Rola é controlada quase na sua totalidade por milicianos. Já Antares é um reduto do CV, que envia ‘soldados’ para trabalho de turnos de 10 horas diárias das favelas da Vila Kennedy e do Juramento. E justamente cerca de 15 desses traficantes teriam sido atraídos pelos melhores pagamentos da milícia.
Eles teriam sido convencidos por Felipe Ferreira Carolino, o Zulu, que atua como gerente-geral em um condomínio na entrada do Rola. Zulu, inclusive, já pertenceu à facção que agora é inimigo. Mas cresceu na hierarquia da milícia e costuma andar sempre com um fuzil. “Ele já foi preso por tentar bloquear um comboio de motoqueiros da Aeronáutica utilizando uma arma, em Santa Cruz, como forma de intimidação. Logo depois, conseguiu liberdade e cresceu na milícia”, afirmou um investigador da Draco.
Zulu é apontado também como um dos seguranças de Wellington da Silva Braga, o Ecko, que herdou do irmão Carlinhos Três Pontes, morto em 2017, o controle da maior milícia do estado.
A Polícia Militar investiga se agentes da corporação estão envolvidos nos tiroteios de segunda.
A milícia conta com recursos de diversas partes, inclusive com a metade do lucro da venda de drogas do TCP em Santa Cruz LUIZ AYRES, promotor