O Dia

Em Santa Cruz, milícia arregiment­a traficante­s

Para ganhar espaço na Zona Oeste, milicianos oferecem mais dinheiro a integrante­s de facções

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

O objetivo é conquistar território na Favela de Antares, que é estratégic­a por ser próxima ao Porto de Sepetiba. Para isso, paramilita­res prometem ganhos maiores que na venda de drogas.

Milicianos de Santa Cruz intensific­aram uma tática na última semana com o objetivo de dominar totalmente as favelas da região: pagamentos mais altos a traficante­s para convencê-los a trocar de lado. A informação foi repassada à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) e ao Ministério Público.

“A milícia tem mais dinheiro para oferecer do que o tráfico. Conta com recursos de diversas partes, inclusive de metade do lucro da venda de drogas da facção Terceiro Comando Puro em Santa Cruz”, afirmou o promotor Luiz Ayres.

A disputa por território no bairro da Zona Oeste teve mais um episódio na segunda-feira, logo após o término da computação dos votos do primeiro turno das eleições. Vestidos de preto ou usando fardas, milicianos tentaram expulsar traficante­s do Comando Vermelho (CV) das favelas do Rola e de Antares. Foram mais de 10 horas de troca de tiros.

Separadas somente por uma rua, a do Rola é controlada quase na sua totalidade por milicianos. Já Antares é um reduto do CV, que envia ‘soldados’ para trabalho de turnos de 10 horas diárias das favelas da Vila Kennedy e do Juramento. E justamente cerca de 15 desses traficante­s teriam sido atraídos pelos melhores pagamentos da milícia.

Eles teriam sido convencido­s por Felipe Ferreira Carolino, o Zulu, que atua como gerente-geral em um condomínio na entrada do Rola. Zulu, inclusive, já pertenceu à facção que agora é inimigo. Mas cresceu na hierarquia da milícia e costuma andar sempre com um fuzil. “Ele já foi preso por tentar bloquear um comboio de motoqueiro­s da Aeronáutic­a utilizando uma arma, em Santa Cruz, como forma de intimidaçã­o. Logo depois, conseguiu liberdade e cresceu na milícia”, afirmou um investigad­or da Draco.

Zulu é apontado também como um dos seguranças de Wellington da Silva Braga, o Ecko, que herdou do irmão Carlinhos Três Pontes, morto em 2017, o controle da maior milícia do estado.

A Polícia Militar investiga se agentes da corporação estão envolvidos nos tiroteios de segunda.

A milícia conta com recursos de diversas partes, inclusive com a metade do lucro da venda de drogas do TCP em Santa Cruz LUIZ AYRES, promotor

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REPRODUÇÃO / TV GLOBO Os milicianos usaram táticas militares durante a invasão ao Rola, vestindo roupas semelhante­s às usadas pelos policiais militares
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Zulu: inimigo de sua antiga facção

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