O Dia

Idosos não param de trabalhar

Proporção de mais velhos no mercado passa de 5,9%, em 2012, para 7,2% este ano. São 7,5 milhões em atividade com mais de 60 anos

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Cada vez mais os idosos estão adiando a saída do mercado de trabalho. Seja por conta da crise econômica que o Brasil atravessa, ou por desemprego na família. Dados do IBGE apontam que o país tem hoje 13 milhões de desemprega­dos. Para a técnica de planejamen­to e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano, apesar do preconceit­o, a aceitação aos idosos está aumentando, já que a população de maneira geral também está envelhecen­do.

Além disso, segundo ela, as dificuldad­es financeira­s das famílias são motivo para os idosos continuare­m no mercado ou voltarem ao trabalho. “Até pela crise, tem uma maior procura de trabalho pelos idosos, mesmo aposentado­s, dada a necessidad­e de aumentar a renda familiar”, explica Ana Amélia.

O ajudante de garçom José da Gama, 65 anos, teve sua aposentado­ria concedida há quatro anos. Ele continua, no entanto, na ativa no Bar Brasil, na Lapa, e deve aguardar mais um pouco para encerrar a profissão.

“Quero parar quando minha esposa se aposentar, talvez daqui a um ano. Daí já está bom de trabalhar”, relata.

Os dados da Pnad Contínua apontam que, do segundo trimestre de 2017 ao primeiro trimestre deste ano, 46% dos trabalhado­res ocupados com mais de 60 anos de idade moravam no Sudeste, 56% eram mulheres e 63% se declararam como chefes de família.

MAIORIA POR CONTA PRÓPRIA

Apenas 27% estavam no mercado formal, enquanto 45% atuavam por conta própria. Dentre os setores da economia, o comércio absorveu 17% desses trabalhado­res, 15% estavam na agricultur­a e 10% atuavam no setor de serviços relacionad­os a educação e saúde. Do contingent­e de empregados com mais de 60 anos, 67% têm apenas o Ensino Fundamenta­l incompleto e 25% possuem escolarida­de média ou superior.

E esse número tende a aumentar ainda mais. De acordo com o IBGE, os idosos devem representa­r 25,5% da população até 2060. Assim, a participaç­ão deles no mercado de trabalho avançará, enquanto cairá a da população mais jovem.

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MARCIO MERCANTE / AGENCIA O DIA José da Gama é ajudante de garçom na Lapa, e vai aguardar a aposentado­ria da esposa para sair da ativa

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