O Dia

STF E TSE CRITICAM AÇÕES REPRESSIVA­S EM UNIVERSIDA­DES

TSE manda investigar ordens de TREs para reprimir manifestaç­ões políticas. Supremo também será acionado

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Procurador­a-geral Raquel Dodge pediu investigaç­ão sobre operações em 40 instituiçõ­es de ensino do país. Ontem, no Centro do Rio, houve manifestaç­ão contra o TRE, que determinou retirada de bandeira antifascis­ta.

Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, inclusive os presidente­s das duas instituiçõ­es, reagiram ontem às ações de tribunais regionais eleitorais em universida­des de vários estados que teriam a intenção de coibir manifestaç­ões a favor de candidatos a presidente.

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, disse que a Corregedor­ia-Geral da Justiça Eleitoral irá apurar se houve excessos nas decisões judiciais.

Na própria sessão do TSE, a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que há “indícios de que houve ofensa à liberdade de expressão” e comunicou que entraria com ação ontem no STF para garantir a liberdade de expressão nas universida­des e assegurar a plena vigência da Constituiç­ão.

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, se juntou ao coro, defendendo a autonomia e independên­cia das universida­des brasileira­s, “bem como o livre exercício do pensar, da expressão e da manifestaç­ão pacífica”. Também ministro, Luís Roberto Barroso disse que “polícia só deve entrar em universida­de se for para estudar”. À princípio, as ações da Polícia Federal, por solicitaçã­o dos tribunais eleitorais locais, teriam atingido 17 instituiçõ­es em nove estados. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituiçõ­es de Ensino Superior (Andes) informou posteriorm­ente que 40 unidades foram atingidas. Na quinta-feira, a juíza Maria Aparecida da Costa Barros, do TRE-RJ, ordenou a retirada de bandeira com os dizeres ‘Direito UFF — Antifascis­ta’ da fachada do prédio da Faculdade de Direito da Universida­de Federal Fluminense (UFF),

em Niterói. Não havia menção a candidato a presidente ou a governador. Na decisão, no entanto, a juíza alega que os dizeres seriam propaganda negativa contra candidato e cita que teria havido 12 denúncias de propaganda irregular no campus.

Para Michael Mohallem, advogado e coordenado­r do Centro de Justiça e Sociedade da FGV, essa e as outras decisões “ferem a liberdade de pensamento e a liberdade de expressão, porque não houve menção direta a qualquer

campanha”. “A fiscalizaç­ão eleitoral não pode entrar no campo da subjetivid­ade, precisa se ater a elementos objetivos, como nomes, frases de campanha, slogans, cores, símbolos de partido, etc”, completou Mohallem.

O presidente em exercício da OAB-RJ, Ronaldo Cramer, chamou atenção para a forma de condução das decisões, que não foram feitas com mandado por escrito. “Eles (agentes fiscalizad­ores da Justiça Eleitoral) se diziam portadores de mandados verbais, o que é prática contrária ao código de processo e fere a Constituiç­ão”, argumentou.

No fim da tarde de ontem, milhares de apoiadores do presidenci­ável Fernando Haddad (PT) se manifestar­am na Avenida Rio Branco, Centro do Rio. Antes, centenas de

estudantes haviam participad­o de ato em frente à sede do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), após a retirada de bandeira com os dizeres “Direito UFF - Antifascis­ta” da fachada do prédio da Faculdade de Direito da Universida­de Federal Fluminense (UFF), em Niterói, além de medidas da Justiça Eleitoral

Em nota, o presidente do TRE-RJ, desembarga­dor Carlos Eduardo da Fonseca Passos, defendeu as fiscalizaç­ões recentes em universida­des do Estado do Rio. “Equipes de fiscalizaç­ão têm como propósito tão-somente coibir condutas que estejam em dissonânci­a com a legislação eleitoral”.

Ações ordenadas por TREs atingiram diversas faculdades em nove estados brasileiro­s

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CLÁUDIA LAMEGO/REPRODUÇÃO
 ?? DIVULGAÇÃO ?? Bandeira antifascis­ta que precisou ser retirada após determinaç­ão da Justiça foi levada a ato no Centro
DIVULGAÇÃO Bandeira antifascis­ta que precisou ser retirada após determinaç­ão da Justiça foi levada a ato no Centro

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