O Dia

DE AZARÃO À VITÓRIA NAS URNAS DO ESTADO

Futuro governador do Rio de Janeiro surgiu como um novo nome na política e surpreende­u no primeiro turno

- ADRIANA CRUZ adriana.cruz@odia.com.br

Ele não teve medo de largar a toga para mergulhar de cabeça na disputa pelo maior assento do Palácio Guanabara. O ex-juiz Wilson Witzel, do PSC, de 50 anos, começou batendo na porta do PSDB. Foi rejeitado pela tradiciona­l legenda. Mas não desistiu mesmo achando que o PSC, ao qual era filiado, sem Jair Bolsonaro, do PSL, se fragilizav­a. E virou fenômeno no primeiro turno com a estratégia de colar, principalm­ente, em Flávio Bolsonaro, senador eleito com mais de quatro milhões de votos. Ontem, o favoritism­o de Witzel, que surfou muito na onda Bolsonaro, foi confirmado nas urnas contra o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, do DEM, político de carteirinh­a.

Paes não conseguiu descolar sua imagem do ex-governador Sérgio Cabral, condenado a mais de 183 anos de prisão e não convenceu o eleitorado com seu currículo de bom gestor. Os eleitores apostaram no novo. Na política, o advogado Witzel é debutante, deixou os 17 anos de magistratu­ra com salário de R$ 29 mil, em março. Nunca concorreu a nenhum cargo no Legislativ­o ou Executivo. Mas provou ser astuto na nova trajetória. Ganhou o apoio de Pedro Fernandes, do PDT, e do presidente do PSDB, Otavio Leite, apesar dos tucanos fazerem parte da coligação do DEM. E mais: conseguiu ganhar parte dos evangélico­s, com a chancela do prefeito Marcelo Crivella, do PRB, e do bispo Edir Macedo, líderes da Igreja Universal.

O INQUILINO PALACIANO

Morador do Grajaú, Witzel é casado e tem quatro filhos, três deles — duas meninas e um menino — do segundo casamento. O filho mais velho, Erick, da primeira união, fez a transição de gênero. Witzel nasceu em Jundiaí (SP), mas veio para o Rio jovem. Com 18 anos entrou para a Escola de Formação dos Oficiais da Marinha, onde formou-se fuzileiro naval. Logo depois de dar baixa, entrou para a Faculdade de Direito. Já formado, em 1997, foi aprovado em concurso para a Defensoria do Estado do Rio.

Em 22 de março de 2001 ingressou na magistratu­ra. Foi juiz titular em Itaperuna e depois no Espírito Santo, onde julgou casos de sonegação, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e desvio de verba. Sua atuação, lhe rendeu ameaças de morte e, mais uma mudança em 2010: regressou ao Rio como Juiz Federal de São João de Meriti. No biênio 2015/2016 foi presidente da Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

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Wilson Witzel votou, na manhã de ontem, no bairro onde mora, o Grajaú, na Zona Norte do Rio
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