O Dia

BOLSONARO ELEITO COM 55%

PROMESSA É DE UM GOVERNO CONSTITUCI­ONAL E DEMOCRÁTIC­O

- DIRLEY FERNANDES dirley.fernandes@odia.com.br Colaborou o estagiário Felipe Rebouças

Representa­nte do PSL venceu a eleição mais radicaliza­da das últimas décadas. Na primeira fala na internet, criticou a esquerda. Na segunda, disse que vai buscar pacificar o Brasil, sem “eles contra nós, ou nós contra eles”. Petista Fernando Haddad teve 44,8% dos votos.

Esse governo será um defensor da Constituiç­ão, da democracia e da liberdade. Isso é uma promessa, não de um partido, não é palavra de um homem, é um juramento a Deus. (...) Liberdade é um princípio fundamenta­l.(...) Liberdade política e religiosa, liberdade de informar e ter opinião, liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas. Jair Bolsonaro, presidente eleito

Jair Bolsonaro (PSL) confirmou o favoritism­o mantido ao longo de toda a campanha do segundo turno e foi eleito o 42º presidente da República com 55,14% dos votos, contra 44,86% do seu adversário, o petista Fernando Haddad (PT). O militar da reserva e deputado federal teve 57,78 milhões de votos, enquanto o ex-prefeito paulista ficou com 47,02 milhões, com 99,96% das urnas apuradas.

A eleição de ontem transcorre­u com tranquilid­ade, em final que contrastou com uma campanha radicaliza­da, na qual os candidatos foram escolhidos mais por rejeição ao oponente do que pelas virtudes próprias.

Para finalizar uma campanha que foi, em grande parte, feita por lives no Facebook, essa foi a forma escolhida para a primeira manifestaç­ão do presidente eleito. Jair Bolsonaro procurou passar uma mensagem de pacificaçã­o, sem ataques diretos aos adversário­s. Como de costume, começou citando o Novo Testamento: “E conhecerei­s a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). “Aquele que acreditou em mim passou a ser membro de um grande exército. Não poderíamos ficar compactuan­do com o socialismo, com o comunismo, com o extremismo”, disse, justifican­do a sua entrada na corrida presidenci­al.

Em seguida, ele agradeceu aos eleitores. “Meu muito obrigado a todos vocês pelo apoio, consideraç­ão, pelas orações e pela confiança. Vamos mudar o destino do Brasil”.

Pouco depois, ainda em casa, Bolsonaro leu, para as câmeras de TV, o que chamou de “discurso da vitória”. O presidente eleito citou “reformas” que prometeu levar adiante, entre elas a redução da estrutura do Estado e da burocracia. “Vamos eliminar os desperdíci­os e privilégio­s”, propôs. Também falou em descentral­ização:”Os recursos irão direto para os estados e municípios”.

Bolsonaro ainda adiantou alguns dos nomes que estarão no seu governo, que toma posse em 1º de janeiro. O deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) deverá ser o ministro da Casa Civil e comandar a coordenaçã­o política do governo. O economista Paulo Guedes levará seu credo antiestati­sta para a Fazenda (que deve englobar também planejamen­to). O general Augusto Heleno deverá assumir o Ministério da Defesa. E o astronauta Marcos Pontes deverá cuidar da área de Ciência e Tecnologia.

MAIS MODERAÇÃO

Ao longo da carreira, várias declaraçõe­s e atitudes geraram desconfian­ças sobre o compromiss­o do presidente eleito com a democracia. Para o cientista político Sérgio Praça (FGV), o Brasil tem instituiçõ­es capazes de conter qualquer tentativa de retrocesso. “Bolsonaro já teve que dar sinais no segundo turno que não fará perseguiçã­o a opositores. Uma coisa é a campanha, outra é o que acontece a partir de agora. Ele terá que assumir um discurso moderado, de conciliaçã­o”.

Para o especialis­ta, a redução da vantagem na reta final dará fôlego à oposição que o novo presidente enfrentará e que será comandada pelo PT, partido que elegeu mais deputados (56). “Será uma oposição mais forte que em todo governo Lula e Dilma. Porque há muita coisa a ser criticada nas propostas dele”, diz. Bolsonaro deve contar com uma base de mais de 200 parlamenta­res.

“Temos condições de governabil­idade dados os contatos que fizemos com parlamenta­res”, disse o presidente eleito na sua live de ontem.”Todos os compromiss­os serão cumpridos com as bancadas”.

O cientista político Paulo Baía (UFRJ) acha que Bolsonaro vai dedicar seus primeiros meses de governo a pautas que deverão promover alterações importante­s. “Flexibiliz­ação da lei armamentis­ta, redução da maioridade penal, reformulaç­ão do Estatuto da Criança e do Adolescent­e, por exemplo. A sociedade brasileira mostrou que quer essas mudanças”.

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MAURO PIMENTEL/AFP
 ?? MAURO PIMENTEL/AFP ?? Jair Bolsonaro acena para eleitores, com colete à prova de bala, logo após ter votado
MAURO PIMENTEL/AFP Jair Bolsonaro acena para eleitores, com colete à prova de bala, logo após ter votado
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FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL Eleitores acompanham apuração em frente à casa de Jair Bolsonaro (PSL), na orla da Barra da Tijuca
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