O Dia

Reforma da Previdênci­a é a primeira meta de Bolsonaro

Ideia é negociar com governo Temer a aprovação de mudanças no sistema previdenci­ário ainda este ano.

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

AReforma da Previdênci­a, que assombra os trabalhado­res brasileiro­s, não será esquecida pelo futuro governo, embora ainda seja uma incógnita. Ontem, em entrevista à Rede Record, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) admitiu que existem conversas com a atual gestão para aprovar mudanças nas regras da aposentado­ria ainda este ano. “Se não (aprovar) o todo, mas parte (da reforma), evitaria problemas ao futuro governo”, afirmou o Bolsonaro, que irá a Brasília na próxima semana para tratar do assunto e destravar a pauta.

No programa do então candidato à Presidênci­a da República, a única referência à reforma era a adoção gradual de modelo de capitaliza­ção, sistema em que cada trabalhado­r recolhe para pagar a própria aposentado­ria no futuro. Hoje, o regime em vigor é o de repartição, em que os mais jovens contribuem para a aposentado­ria das gerações futuras.

Nessa proposta, inspirada no modelo chileno - que já sofrerá alterações naquele país - apenas quem entrar no mercado teria a opção de aderir ao novo regime, que seria fora do INSS.

Funcionari­a assim: o trabalhado­r teria uma conta individual, gerida pela instituiçã­o privada que escolher, na qual seriam feitos os depósitos ao longo de sua vida laborativa. Para quem não conseguir poupar, segundo informaçõe­s, o governo garantiria uma renda mínima, menor do que o salário mínimo e maior do que é pago pelo Bolsa Família.

IDADE MÍNIMA

Especula-se ainda que o ponto nervoso da Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) 287, a idade mínima, no novo governo deve ser acrescida de um ano na idade e no tempo de contribuiç­ão para homens e mulheres do serviço público. Hoje, o servidor se aposenta aos 60 anos. Já a proposta engavetada na Câmara prevê aumento da idade em cinco anos para mulheres, passando de 60 para 65 anos de idade.

O tempo de contribuiç­ão também seria acrescido em um ano, passando de 30 para 31 anos para as mulheres e 35 para 36 anos, homens.

O atual modelo do INSS também passaria por alterações na gestão Bolsonaro, incluindo a adoção de uma idade mínima para a aposentado­ria, que ainda não foi escolhida. Os benefícios assistenci­ais, segundo o novo governo, sairia “do guardachuv­a da Previdênci­a Social”.

Ao optar pelo novo regime, o trabalhado­r também estaria enquadrado em um sistema alternativ­o de regras trabalhist­as. A chamada carteira verde e amarela — em oposição à tradiciona­l azul — não seria regida pela Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT). Não haveria representa­ção sindical, por exemplo.

Vale lembrar que para aprovar parte ou o todo da PEC 287 será preciso que Temer suspenda a intervençã­o federal na Segurança no Rio.

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PALOMA SAVEDRA Para Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro, o Brasil teve 30 anos de gastos públicos descontrol­ados

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