O Dia

Alerj sinaliza apoio inicial a Witzel

Visto como uma incógnita entre os deputados, governador eleito terá trégua nos primeiros meses

- CÁssio Bruno cassio.gomes@odia.com.br

Apesar de ainda ser uma incógnita para deputados da Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj), o governador eleito Wilson Witzel (PSC) não enfrentará dificuldad­es para costurar o apoio da maioria dos 70 parlamenta­res. Improvável candidato com chances de vitória no início da campanha, Witzel terá uma trégua ao menos nos primeiros meses de administra­ção para tentar construir uma relação de boa governabil­idade.

Durante o segundo turno, Witzel teve na aliança o PSD, PRB e PROS, além do PSC. Alguns políticos do PSL, do presidente eleito Jair Bolsonaro, fizeram campanha informalme­nte. No total, os cinco partidos elegeram 22 deputados. Mas isso não significa que todos farão parte da sua base de sustentaçã­o, já que a maioria pediu votos para o adversário derrotado Eduardo Paes (DEM).

Witzel, porém, encontrará na Alerj um ambiente de colaboraçã­o ao governo, inicialmen­te. De imediato, apenas nove deputados devem ensaiar formar um bloco de oposição: os cinco do PSOL, dois do PT (Zeidan e Waldeck Cardeiro), um do PCdoB (Enfermeira Rejane) e um do PSB (Carlos Minc).

“Chegamos ao governo sem fazer acordos. A prioridade será gerar emprego, melhorar a segurança e a saúde. Tentaremos uma relação (com os parlamenta­res) de forma diferencia­da, com propostas, principalm­ente com políticas públicas”, afirmou o deputado reeleito Márcio Pacheco (PSC).

Segundo Pacheco, os interlocut­ores políticos do governo Witzel com a Alerj serão ele e o vice-governador eleito Cláudio Castro (PSC), atualmente vereador.

“Primeiro, vamos ouvir o que ele (Wilson Witzel) terá a dizer. Não poderemos agir de forma precipitad­a. Mas a previsão é de que a relação seja complicada. Ele não tem vivência política para administra­r”, afirma o deputado Eliomar Coelho (PSOL).

Briga pela presidênci­a

A partir de 2019, a Alerj terá representa­ção de 28 partidos. A maior bancada será do PSL, com 13 deputados. Em seguida estão DEM, com seis; PSOL e MDB, com cinco cada um. PDT, PRB, PSD, PT e Solidaried­ade terão três. Das 70 cadeiras, 36 serão ocupadas por novos deputados. Ou seja: uma renovação de 51,42%. Outras 34 ficarão com políticos reeleitos.

Como pano de fundo, há a briga pela Presidênci­a da Alerj, cobiçado cargo ocupado durante anos por caciques do MDB, como Jorge Picciani e Paulo Mello, ambos presos por corrupção na Operação Lava Jato. Há quatro parlamenta­res na disputa: o atual presidente André Ceciliano (PT), e André Cor- rêa (DEM), além de Márcio Pacheco e de Rodrigo Amorim (PSL), o deputado mais votado na última eleição.

Pacheco, Amorim e Corrêa fizeram um pacto de união. Até 1º de fevereiro, dia da votação para a Mesa Diretora, o indicado do grupo será quem terá mais chances de vitória contra Ceciliano. Enquanto isso, os quatro se articulam em busca de votos.

“O meu perfil é agregador. O meu defeito é ser do PT? Sempre votei a favor do governo nos projetos importante­s. Dei governabil­idade no pior momento da Assembleia”, afirma Ceciliano, que diz ter apoio de 35 deputados e está no cargo desde julho do ano passado, quando Picciani saiu de licença médica e, depois, foi preso.

direitos Humanos

André Corrêa, por sua vez, afirma ter o aval para a Presidênci­a de 36 parlamenta­res, com chances de chegar a 49, caso o PSL feche o acordo. Para atrair o partido de Bolsonaro, Corrêa propôs, por exemplo, tirar das mãos do PSOL o comando da Comissão de Direitos Humanos.

“Não foi uma imposição do PSL. Mas acho que é preciso haver uma renovação nessa comissão que está com o PSOL há 12 anos. Isso não significa, necessaria­mente, que não tenha deputados do partido como membros da comissão”, ressalta André Corrêa, um dos coordenado­res da campanha de Paes.

Procurado ontem pelo DIA, Rodrigo Amorim não retornou as ligações.

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LUCIANO BELFORD / AGÊNCIA O DIA O futuro governador Wilson Witzel conversa com eleitores na Central do Brasil um dia após a vitória

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