Ópera-rock dos Titãs sai em CD e DVD
No que depender da banda, ‘Doze Flores Amarelas’ vai ganhar edição “em vinil triplo”, esclarece Branco Mello
Vai tudo bem com Branco Mello. O vocalista e baixista dos Titãs venceu um câncer na hipofaringe, que começou a tratar em junho, e retornou aos palcos no sábado, num show no Allianz Parque, em São Paulo. O grupo continua a fazer sua turnê repleta de sucessos. A ópera-rock ‘Doze Flores Amarelas’, que acabam de lançar em DVD, CD e formato digital - e que tem músicas como ‘Me Estuprem’ incluídas nos novos shows - ganha turnê só a partir do ano que vem (“talvez março ou abril”). Mas o vocalista já está recuperado.
“Foi um susto e realmente é um diagnóstico difícil de administrar. Mas foi diagnosticado rápido e precocemente e a gente criou uma expectativa boa de tratamento e de volta ao trabalho”, conta o cantor, já fazendo fisioterapia e fono. “Também cuido bastante da parte física”.
Os shows da ópera - que incluem 34 músicas e cenários especiais - vão dar uma trabalheira diferente para Branco, Tony Bellotto (guitarra e voz), Sergio Britto (teclado e voz), Mario Fabre (bateria) e Beto Lee (guitarra). Para ajudar a banda no trabalho que sai em CD e DVD, entraram dois roteiristas (Hugo Possolo e Marcelo Rubens Paiva). O texto fala de três meninas que foram estupradas - todas elas chamadas Maria - e elas ganham, em disco e no palco, as vozes de Corina Sabbas, Cyz Mendes e Yas Werneck.
“A gente queria fazer uma coisa mais complexa do que simplesmente fazer um álbum. Deu muito trabalho porque a gente está fazendo do zero. Passamos três anos produzindo tudo”, conta Branco, que há alguns anos em en- trevistas, chegou a questionar a respeito da necessidade de lançar novos discos. ‘Doze Flores’, por sinal, ganha ainda outro formato, em breve. “Vai sair em vinil triplo. Não temos data ainda, é um projeto que a gente tem em mente. O ‘Nheengatu’ (disco anterior de estúdio da banda, de 2014) já havia saído em LP”.
WHATSAPP NO PALCO
Como em ‘Doze Flores’ há a presença de um aplicativo chamado Facilitador, a internet vira um dos personagens do DVD - conversas das Marias numa espécie de Whatsapp aparecem ao longo das imagens.
“Ouvimos muitas óperas -rock, como ‘Tommy’ (The Who, 1969) e ‘American Idiot’ (Green Day, 2004), mas quisemos fazer do nosso jeito. Fizemos uma mistura de show com cinema e teatro, até pelas experiências dos roteiristas com as duas áreas”, conta Branco, que contou na equipe com mais outros nomes, como Otávio Juliano, Luciana Ferraz (ambos direção do DVD), Rafael Ramos (produção de som) e sua mulher Angela Figueiredo (que divide a produção executiva com Ricardo Moreira e Ricardo Mate). Rita Lee, mãe de Beto Lee e fã e amiga de longa data, fez as locuções da ópera.
“A locução dela foi mágica. Contar com ela é contar com tudo o que ela traz na voz dela, na história dela”, alegrase Branco. “Muita gente foi entrando no trabalho. Trabalhamos com muita gente, homens, mulheres, pessoas mais velha, mais jovens. Todo mundo foi dando opinião, ouvindo, trabalhando junto”, complementa ele, um dos três Titãs da formação original que estão presentes na banda.
Falando em “formação original”, Branco esclarece que os ex-integrantes ainda são figuras presentes na vida do grupo. “Claro que não é todo dia. Mas falo com Paulo (Miklos), falei com Nando (Reis) outro dia. Sou até hoje muito amigo do Arnaldo (Antunes) até hoje, ele jantou lá em casa outro dia. A gente se encontra, compõe junto”. Charles Gavin, o ex-baterista, mantém o programa ‘O Som do Vinil’ no Canal Brasil e já teve Arnaldo Antunes como um dos convidados. E os Titãs, quando vão lá? “Ainda não aconteceu, mas quando rolar vai ser um enorme prazer”, conta Branco.
BRANCO MELLO,