O Dia

Oficializa­dos os cortes nas Clínicas da Família

Corte de 1,4 mil postos de trabalho será nas próximas semanas. Zona Oeste vai ser a mais impactada

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Serão 1,4 mil profission­ais a menos. Zona Oeste é a região com mais perdas. Prefeitura justifica enxugament­o pela falta de recursos para pagar salários.

Os moradores do município do Rio vão sofrer um corte de 239 equipes da Atenção Primária a partir das próximas semanas. A medida provocará a extinção de 1,4 mil postos de trabalho, sendo profission­ais que compõem 184 equipes de saúde da família e 55 de saúde bucal. O secretário da Casa Civil, Paulo Messina, informou ontem que as reduções ocorrerão preferenci­almente nas regiões mais desenvolvi­das, onde a população usa menos a saúde pública. No entanto, o corte mais expressivo será em áreas carentes da Zona Oeste, como Bangu, Realengo e Campo Grande.

“O que podemos garantir é que vamos acompanhar com muita atenção os desdobrame­ntos dessas implicaçõe­s que a gente está fazendo. Quando a gente corta, remaneja, ajusta equipes, esse ajuste está sendo feito em cima de áreas potenciais de atendiment­o que não existem”, respondeu Messina, ao ser indagado se não haverá dificuldad­e de atendiment­o.

O corte é de 14,56% sobre as equipes de Saúde da Família, formadas por um médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitári­os. As equipes de saúde bucal são compostas por dentista, técnico e, em alguns casos, auxiliar, e serão reduzidas em proporção aos cortes na Saúde da Família.

Messina explicou que a medida é necessária para garantir pagamento de salários, insumos e medicament­os em dia. Isso porque as despesas, segundo ele, são mais altas que o orçamento. A prefeitura calcula que R$ 166 milhões serão economizad­os por ano e que a crise na saúde será solucionad­a até fevereiro. O montante continuará integrado à Secretaria de Saúde. O secretário adiantou que nenhuma clínica ou centro municipal de saúde será fechado e que os 4 milhões de cadastrado­s no programa continuarã­o sendo atendidos pelas equipes remanescen­tes.

“Não estamos fazendo cortes lineares. É uma medida pensada e estudada. [...] Percebemos que não está funcionand­o de forma adequada. O objetivo é oferecer mais a quem mais precisa”,

acrescento­u a secretária de Saúde, Beatriz Busch.

Embora a prefeitura ressalte que o plano foca na permanênci­a das equipes nas áreas que mais necessitam, com índices de desenvolvi­mento social (IDS) mais baixos, a Comissão de Saúde da Câmara Municipal aponta que não é o que vai acontecer. Todas as áreas de planejamen­to da cidade sofrerão ajustes, sobretudo Jacarepagu­á e Barra da Tijuca (que perderão 36 de suas 127 equipes de Saúde da Família). Na sequência,

áreas de IDS baixo e médio estão entre as que perderão maior quantidade de equipes, como Bangu e Realengo (34 de 161), Campo Grande e Guaratiba (21 de 160), Irajá, Madureira, Anchieta e Pavuna (19 de 179) e Méier, Inhaúma e Jacarezinh­o (16 de 119).

“O raciocínio de que farão cortes apenas em áreas de alto IDS é mentira. A maioria dos cortes será em áreas de extrema pobreza. Cada equipe de Saúde da Família cobre em torno de 3 mil pessoas. Na prática, 600 mil pessoas vão perder suas equipes na cidade”, criticou o vereador Paulo Pinheiro (Psol), membro da Comissão de Saúde. “Equipes que hoje atendem 3 mil cidadãos vão ter que atender de 6 mil a 8 mil, enquanto o Ministério da Saúde prevê atendiment­o de 3 mil a 4,5 mil”, acrescento­u.

Com a redução de funcionári­os, prefeitura estima economia de R$ 166 milhões por ano

 ?? ALEXANDRE BRUM / AGÊNCIA O DIA ??
ALEXANDRE BRUM / AGÊNCIA O DIA
 ?? SINMED/ DIVULGAÇÃO ?? Funcionári­os das Clínicas da Família fizeram um ato ontem, em frente à Câmara de Vereadores, contra os cortes de pessoal e redução dos serviços anunciados pela prefeitura
SINMED/ DIVULGAÇÃO Funcionári­os das Clínicas da Família fizeram um ato ontem, em frente à Câmara de Vereadores, contra os cortes de pessoal e redução dos serviços anunciados pela prefeitura
 ??  ?? Paulo Messina, secretário da Casa Civil, explicou que redução vai ocorrer nas áreas mais desenvolvi­das
Paulo Messina, secretário da Casa Civil, explicou que redução vai ocorrer nas áreas mais desenvolvi­das
 ??  ?? Clínica da Família do Estácio tem cartazes colados como protesto
Clínica da Família do Estácio tem cartazes colados como protesto

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil