Oficializados os cortes nas Clínicas da Família
Corte de 1,4 mil postos de trabalho será nas próximas semanas. Zona Oeste vai ser a mais impactada
Serão 1,4 mil profissionais a menos. Zona Oeste é a região com mais perdas. Prefeitura justifica enxugamento pela falta de recursos para pagar salários.
Os moradores do município do Rio vão sofrer um corte de 239 equipes da Atenção Primária a partir das próximas semanas. A medida provocará a extinção de 1,4 mil postos de trabalho, sendo profissionais que compõem 184 equipes de saúde da família e 55 de saúde bucal. O secretário da Casa Civil, Paulo Messina, informou ontem que as reduções ocorrerão preferencialmente nas regiões mais desenvolvidas, onde a população usa menos a saúde pública. No entanto, o corte mais expressivo será em áreas carentes da Zona Oeste, como Bangu, Realengo e Campo Grande.
“O que podemos garantir é que vamos acompanhar com muita atenção os desdobramentos dessas implicações que a gente está fazendo. Quando a gente corta, remaneja, ajusta equipes, esse ajuste está sendo feito em cima de áreas potenciais de atendimento que não existem”, respondeu Messina, ao ser indagado se não haverá dificuldade de atendimento.
O corte é de 14,56% sobre as equipes de Saúde da Família, formadas por um médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários. As equipes de saúde bucal são compostas por dentista, técnico e, em alguns casos, auxiliar, e serão reduzidas em proporção aos cortes na Saúde da Família.
Messina explicou que a medida é necessária para garantir pagamento de salários, insumos e medicamentos em dia. Isso porque as despesas, segundo ele, são mais altas que o orçamento. A prefeitura calcula que R$ 166 milhões serão economizados por ano e que a crise na saúde será solucionada até fevereiro. O montante continuará integrado à Secretaria de Saúde. O secretário adiantou que nenhuma clínica ou centro municipal de saúde será fechado e que os 4 milhões de cadastrados no programa continuarão sendo atendidos pelas equipes remanescentes.
“Não estamos fazendo cortes lineares. É uma medida pensada e estudada. [...] Percebemos que não está funcionando de forma adequada. O objetivo é oferecer mais a quem mais precisa”,
acrescentou a secretária de Saúde, Beatriz Busch.
Embora a prefeitura ressalte que o plano foca na permanência das equipes nas áreas que mais necessitam, com índices de desenvolvimento social (IDS) mais baixos, a Comissão de Saúde da Câmara Municipal aponta que não é o que vai acontecer. Todas as áreas de planejamento da cidade sofrerão ajustes, sobretudo Jacarepaguá e Barra da Tijuca (que perderão 36 de suas 127 equipes de Saúde da Família). Na sequência,
áreas de IDS baixo e médio estão entre as que perderão maior quantidade de equipes, como Bangu e Realengo (34 de 161), Campo Grande e Guaratiba (21 de 160), Irajá, Madureira, Anchieta e Pavuna (19 de 179) e Méier, Inhaúma e Jacarezinho (16 de 119).
“O raciocínio de que farão cortes apenas em áreas de alto IDS é mentira. A maioria dos cortes será em áreas de extrema pobreza. Cada equipe de Saúde da Família cobre em torno de 3 mil pessoas. Na prática, 600 mil pessoas vão perder suas equipes na cidade”, criticou o vereador Paulo Pinheiro (Psol), membro da Comissão de Saúde. “Equipes que hoje atendem 3 mil cidadãos vão ter que atender de 6 mil a 8 mil, enquanto o Ministério da Saúde prevê atendimento de 3 mil a 4,5 mil”, acrescentou.
Com a redução de funcionários, prefeitura estima economia de R$ 166 milhões por ano