Transição e polêmica
Witzel tem reunião para novo governo. É criticado por ministro, mas mantém discurso
Ogovernador eleito, Wilson Witzel, participou de sua primeira reunião de transição com o governador em exercício, Luiz Fernando Pezão (MDB), ontem à tarde, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. Pela manhã, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, criticou a contratação de atiradores de elite para matar traficantes com fuzil, “ainda que de costas”, medida anunciada por Witzel. Após reunião na Firjan com Witzel, ontem de manhã, Jungmann defendeu que não há previsão legal para a medida ser implantada.
“É uma proposta que precisa passar pelo crivo da Legislação e da Justiça. Não podemos ter nenhum tipo de atividade que não seja devidamente legal, que não esteja nas normas da Justiça. E, hoje, não está. E teria que ter uma modificação legislativa para que ela pudesse vir a acontecer”, disse o ministro.
Em entrevista à GloboNews segunda-feira, o governador eleito disse que pessoas que portam fuzil são ameaça e precisam ser abatidas. A Anistia Internacional no Brasil repudiou a proposta de Witzel. A instituição afirmou que a diretriz seria uma afronta à legislação brasileira e que resultará em uma escalada da violência e em riscos para a população e para os agentes de Segurança Pública.
Após o encontro de transição, Witzel rebateu a fala de Jungmann. Ele disse que o tema é uma questão de “interpretação da lei” e ressaltou que os soldados não terão direito a interpretar de forma diferente.
“Hermenêutica é uma ciência da qual páginas e páginas são escritas, a respeito da interpretação da lei. A minha visão sobre o que é legítima defesa está em sintonia com milhares de juristas. Cada um tem uma interpretação. Quem não pode ter hermenêutica na cabeça é o soldado, que olhando alguém de fuzil vai atirar e vai abater”, disse o ex-juiz.