O Dia

Praia só se for de acesso restrito

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■ Com quase 22 anos de magistratu­ra, o juiz Marcelo Bretas, 48, nos últimos três anos experiment­a as privações. Só vai com a família a praias de acesso restrito, como em áreas do Exército. “Sou 90% trabalho, 5% família e 5% vida social. Estou extremamen­te cansado porque não é um trabalho normal. O que seria uma audiência simples deixa de ser, em razão dos interesses em jogo”, avalia.

Bretas não fala das ameaças que sofreu. Mas como publicou em novembro de 2017, R$ 5 milhões financiari­am um dossiê contra ele e membros do Ministério Público Federal. Sérgio Cabral foi apontado como suspeito de participar do plano. A Corregedor­ia da Polícia Civil puniu dois agentes que pesquisara­m sobre Bretas e família, como noticiou em agosto.

“Se acontece alguma situação, seria um recado ruim que a sociedade não deve permitir”, analisa o juiz. Ele se incomoda com a vigilância que recebe. “Não tenho liberdade para nada. Para postar nas redes sociais tenho que pensar 200 vezes. Mas há situações surreais, como outro dia que parabenize­i os dois senadores eleitos, com o fim do pleito. Quis ser gentil. Mas houve patrulhame­nto”, diz.

Para os novos juízes, Bretas alerta que o serviço público, em geral, está carente de pessoas comprometi­das em razão dos profission­ais terem foco em lecionar, escrever livros e fazer cursos no exterior. “É preciso retribuir o estado com trabalho forte, eliminar os casos de corrupção para impedir a impunidade que gera violência”, opina.

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