É TEMPO DE ABRACADABRA
Uma nova geração de mágicos está dando as cartas no Rio. Além de modernizarem os truques, artistas como Lucas Toledo têm levado a arte para as ruas, criando novos fãs.
No lugar de cartolas, fraques e bengalas, roupas mais leves e trajes tipo esporte fino. Saem os coelhos e pombos e entram em cena os equipamentos eletrônicos. Assim, modernos, são os mágicos do Rio, que estão em alta e se preparam para um megaencontro internacional em março. Vinculados à Associação dos Mágicos do
Rio de janeiro (Amarj) e ao Círculo Brasileiro de Ilusionismo (CBI) — escolas do ramo mais antigas do país —, pelo menos 100 deles marcarão presença no evento, que deverá ser na capital fluminense.
Com cachês que vão de
R$ 550 a R$ 6 mil, eles são sucessos nas redes sociais e presenças certas em eventos corporativos, congressos, formaturas, aniversários, resorts, teatros, navios, shoppings e programas de TV. Alguns já têm fama internacional, como Gustavo Vierini, de 30 anos, tido como um dos dez melhores mágicos mentalistas do mundo. Em 2016, na Itália, entrou para o ‘Guinness Book’, o livro dos recordes, participando do maior show de mágica do planeta, com quatro horas de duração. Antes, foi campeão mundial pela Federação Internacional de Sociedades Mágicas. A própria lenda Uri Geller, o paranormal mais intrigante da história, o tem como sucessor. Mês passado, Vierini, também especialista em hipnose, foi a sensação em turnê no exterior.
“É fruto de muito trabalho e estudo de psicologia, para criar o impossível”, diz Vierini, que faz moeda passear dentro de celular. Em registros cartorários, adivinhou os campeões e placares das últimas três Copas do Mundo.
Outro que vive de fenômenos inexplicáveis é Lucas Toledo, 23. “Aos oito anos, ganhei um kit mágica, que me induziu a estudos mais profundos”, comenta. “Faço objetos, como cartas, dinheiro, guardanapos e lenços, flutuarem ou desaparecerem. Detalhe: só uso cami- sas sem mangas”, gaba-se. Em Volta Redonda, o mágico Rogyster está fundando uma associação com 20 profissionais do Sul Fluminense. Assim como a Amarj e CBI, Gésio Rocha, seu nome de batismo, forma novos mágicos. Willon Ribeiro e Thiago Teixeira, ambos de 22 anos, são seus alunos. “Tem que ter dom e dedicação”, ensina Rogyster, que faz bola de papel pairar no ar e cair feito folha picada. Funcionário da Guarda Municipal, Rocha usa mágica e 36 personagens em projeto de educação no trânsito. Considerado o rei dos mágicos cariocas, Paladino Jares, 67, presidente da Amarj, já fez mais de 7 mil shows e palestras mundo afora, em 50 anos de carreira. “Há uma safra de bons Misters Ms e Davids Copperfilds no estado”, garante. O aluno começa a se apresentar após 6 meses de curso. Depois de um ano, recebe certificado do Sindicato dos Artistas e registro profissional no Ministério do Trabalho.