Seap detém 128 parentes de presos
Dois familiares de detentos são flagrados diariamente, tentando entrar com drogas nos presídios do Rio
No jogo de gato e rato entre agentes da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e parentes que tentam entregar drogas, celulares, chips, e outros objetos, para parte dos cerca de 51 mil presos que cumprem penas nas 54 unidades do sistema carcerário fluminense, a polícia tem levado vantagem. Só de janeiro a setembro, 128 pessoas foram presas com materiais ilícitos — média de duas por dia —, durante revistas.
Entre os produtos barrados estão centenas de invólucros contendo maconha, cocaína e crack, 70 celulares, chips telefônicos, baterias, dinheiro e até armas. Os criminosos foram flagrados com materiais ilícitos camuflados em frutas, bolos, solas de calçados, cigarros, bíblias, canudinhos de plásticos, roupas e carrinhos de bebês, grudados no próprio corpo e até no estômago e partes íntimas. Também houve tentativa de se ludibriar a polícia com o uso de pipas e drones, interceptados sempre à noite.
De acordo com o secretário da Seap, delegado David Anthony, as ações de apreensões e prisões passaram a ter mais êxitos depois que equipes da Superintendência de Inteligência da Seap, começaram a agir em conjunto com integrantes da Coordenação de Unidades Prisionais do Grande Rio, Corregedoria do órgão e a direção dos próprios presídios. “Seja qual for a irregularidade, no sentido de se tentar beneficiar presos, passamos a ficar mais mais atentos, 24 horas por dia”, garante David.
A Seap não informa, “por motivos de segurança”, detalhes sobre uso de câmeras, detectores de metais e, principalmente, bloqueios de sinais de celulares nas recepções dos presídios. A secretaria vem tendo dificuldades na realização do processo de licitação para atualizar os bloqueadores no maior complexo penitenciário do país. O problema é que nenhuma empresa quis participar da concorrência, no valor de R$ 65,5 mil, que prevê a abrangência para o bloqueio de todas as operadoras.
Por lei, quem é flagrado tentando beneficiar detentos
Seja qual for a irregularidade, no sentido de se tentar beneficiar presos, passamos a ficar mais mais atentos, 24 horas por dia” DAVID ANTHONY, secretário da Seap
pode responder por diversos tipos de crimes, como posse ou tráfico de drogas, corrupção passiva, favorecimento ilegal e falsidade ideológica. Já o encarcerado pode arcar com mais um processo e ter a pena aumentada. Também pode perder benefícios já conquistados, como a redução de pena. No Rio, revistas íntimas vexatórias a visitantes foram proibidas há um ano, conforme acordo judicial assinado em 2015 entre a Defensoria Pública do estado e o governo estadual.
A medida proíbe que os agentes que atuam nos presídios realizem inspeção corporal, seja ela visual, manual ou com o auxílio de instrumentos, na qual a pessoa revistada precise se despir total ou parcialmente ou, ainda, agachar, saltar, ou se submeter a qualquer outra forma de tratamento considerado degradante. O acordo estabelece multa diária de R$ 10 mil para o caso de descumprimento. Os procedimentos de revistas são feitos com detectores de metais, raios-x de bagagem e scanner corporal.