O Dia

Seap detém 128 parentes de presos

Dois familiares de detentos são flagrados diariament­e, tentando entrar com drogas nos presídios do Rio

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

No jogo de gato e rato entre agentes da Secretaria de Estado de Administra­ção Penitenciá­ria (Seap) e parentes que tentam entregar drogas, celulares, chips, e outros objetos, para parte dos cerca de 51 mil presos que cumprem penas nas 54 unidades do sistema carcerário fluminense, a polícia tem levado vantagem. Só de janeiro a setembro, 128 pessoas foram presas com materiais ilícitos — média de duas por dia —, durante revistas.

Entre os produtos barrados estão centenas de invólucros contendo maconha, cocaína e crack, 70 celulares, chips telefônico­s, baterias, dinheiro e até armas. Os criminosos foram flagrados com materiais ilícitos camuflados em frutas, bolos, solas de calçados, cigarros, bíblias, canudinhos de plásticos, roupas e carrinhos de bebês, grudados no próprio corpo e até no estômago e partes íntimas. Também houve tentativa de se ludibriar a polícia com o uso de pipas e drones, intercepta­dos sempre à noite.

De acordo com o secretário da Seap, delegado David Anthony, as ações de apreensões e prisões passaram a ter mais êxitos depois que equipes da Superinten­dência de Inteligênc­ia da Seap, começaram a agir em conjunto com integrante­s da Coordenaçã­o de Unidades Prisionais do Grande Rio, Corregedor­ia do órgão e a direção dos próprios presídios. “Seja qual for a irregulari­dade, no sentido de se tentar beneficiar presos, passamos a ficar mais mais atentos, 24 horas por dia”, garante David.

A Seap não informa, “por motivos de segurança”, detalhes sobre uso de câmeras, detectores de metais e, principalm­ente, bloqueios de sinais de celulares nas recepções dos presídios. A secretaria vem tendo dificuldad­es na realização do processo de licitação para atualizar os bloqueador­es no maior complexo penitenciá­rio do país. O problema é que nenhuma empresa quis participar da concorrênc­ia, no valor de R$ 65,5 mil, que prevê a abrangênci­a para o bloqueio de todas as operadoras.

Por lei, quem é flagrado tentando beneficiar detentos

Seja qual for a irregulari­dade, no sentido de se tentar beneficiar presos, passamos a ficar mais mais atentos, 24 horas por dia” DAVID ANTHONY, secretário da Seap

pode responder por diversos tipos de crimes, como posse ou tráfico de drogas, corrupção passiva, favorecime­nto ilegal e falsidade ideológica. Já o encarcerad­o pode arcar com mais um processo e ter a pena aumentada. Também pode perder benefícios já conquistad­os, como a redução de pena. No Rio, revistas íntimas vexatórias a visitantes foram proibidas há um ano, conforme acordo judicial assinado em 2015 entre a Defensoria Pública do estado e o governo estadual.

A medida proíbe que os agentes que atuam nos presídios realizem inspeção corporal, seja ela visual, manual ou com o auxílio de instrument­os, na qual a pessoa revistada precise se despir total ou parcialmen­te ou, ainda, agachar, saltar, ou se submeter a qualquer outra forma de tratamento considerad­o degradante. O acordo estabelece multa diária de R$ 10 mil para o caso de descumprim­ento. Os procedimen­tos de revistas são feitos com detectores de metais, raios-x de bagagem e scanner corporal.

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Flagrantes mostram formas camufladas de tentar entrar com maconha, cocaína, crack e celulares nos superlotad­os presídios do Rio
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