O Dia

Defensoria aciona PM por ação na Maré

Defensor questiona a justificat­iva da Polícia de que entrou na favela para acabar com ampla reunião de bandidos

- RAFAEL NASCIMENTO rafael.nascimento@odia.com.br

Para defensores, comando descumpriu a decisão judicial que proíbe operações policiais no local entre 18h e 5h. Na terça-feira, cinco pessoas foram mortas. Parentes de Maria José Videira, uma das vítimas, estiveram no IML (foto). Onze moradores ficaram feridas.

A Defensoria Pública do Estado Rio vai acionar na Justiça — dentro da Ação Civil Pública (ACP) da Maré — a Polícia Militar por descumprim­ento da decisão judicial que proíbe a corporação de fazer operação policial no Complexo da Maré entre 18h e 5h. Entre a noite de segunda e a madrugada de terçafeira a PM fez uma operação nas comunidade­s do Parque União, Nova Holanda, Parque Rubens Vaz e Parque Maré. Cinco pessoas foram mortas e 11 feridas.

O Comando da PM reafirmou que a ação policial teve por objetivo intervir numa ampla reunião de criminosos, seguindo informaçõe­s obtidas por setores de Inteligênc­ia da Corporação. Afirmou ainda que a violenta reação de criminosos, fortemente armados, e o próprio saldo da operação, que apreendeu quase uma tonelada de drogas, são indicativo­s concretos de que os policiais não estavam diante de uma situação de rotina.

“A Polícia Militar precisa reconhecer que a operação não foi bem sucedida. O motivo (da operação) não justifica os resultados”, disse o ouvidor-geral da Defensoria Pública do Estado Pedro Strozenber­g. De acordo com o ouvidor, a “urgência da ação” (como disse o porta-voz da PM, Ivan Blaz, na terça) não tinha justificat­iva.

Na ação policial morreram Willian Filgueira de Oliveira, Marcos Paulo Fernandes Motta, Thiago Ramos Pereira da Costa, Maria José da Silva Videira e um quinto homem ainda não identifica­do. Até o final da noite de ontem, apenas o corpo de Maria José havia sido liberado. O enterro será na tarde de hoje, no Caju.

Segundo Edson Diniz, diretor da ONG Redes da Maré, seis mil crianças ficaram sem aulas, unidades de saúde ficaram fechadas e milhares de pessoas ficaram na rua sem poder voltar para suas casas após o trabalho. A entidade Fórum Basta de Violência - Outra Maré é Possível! relatou o mesmo e acrescento­u que houve violações. Ontem circularam informaçõe­s, não confirmada­s oficialmen­te, de que autópsias indicariam que vítimas teriam sido baleadas pelas costas.

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ESTEFAN RADOVICZ/AGÊNCIA O DIA
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ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA / 6.11.2018 Moradores levaram corpo para a Avenida Brasil, e pista foi fechada

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