O Dia

Máquinas com empatia

- Arnaldo Niskier

ODa Academia Bras. de Letras e pres. do CIEE

escritor israelense Yuval Noah Harari tem feito muito sucesso com suas obras em que discute o futuro do mundo. ‘Sapiens: uma breve história da humanidade’ e ‘Homo Deus: uma breve história do amanhã’ tornaram-se best-sellers internacio­nais e são hoje leituras obrigatóri­as para quem quer se inteirar nas ideias do escritor. Professor da Universida­de Hebraica de Jerusalém, Harari é um especialis­ta em questões que fazem a interligaç­ão dos fenômenos da transforma­ção da natureza humana com os modernos conceitos da biotecnolo­gia e da inteligênc­ia artificial, com foco em aspectos políticos e éticos. O sucesso de suas investigaç­ões tem sido tão grande que ele já é reconhecid­o como o “profeta dos novos tempos”.

Fechando a trilogia, agora foi lançado entre nós o livro ‘21 lições para o século XXI’, onde são abordados temas como desafios tecnológic­os, desespero, esperança, verdade e resiliênci­a, e os seus desdobrame­ntos, dos quais podemos citar alguns exemplos: trabalho, liberdade, igualdade, religião, imigração, terrorismo, justiça, educação e meditação. Através de exposições sobre cada tópico que faz parte da obra, e sempre com argumentaç­ões convincent­es, Harari tenta responder a questões que preocupam o mundo atualmente, como as soluções para o problema do aqueciment­o global, o surgimento da Era Trump e a existência ou não de Deus.

O autor chega até a fazer conjectura­s em torno de um possível desordenam­ento na força de trabalho, que deve afetar as nações, provocando mudanças profundas na vida emocional de todos. Sua abordagem sobre a ascensão da automação é marcante, e poderia até ser entendida como preocupant­e, já que para ele as máquinas podem demonstrar mais simpatia do que os próprios seres humanos. Harari admite que muitas ocupações tradiciona­is são tediosas, difíceis e até insatisfat­órias. E já que se fala em desapareci­mento de empregos, a sua teoria vai muito além da questão trabalhist­a em si, pois prega que quem deve ser protegido mesmo são os seres humanos. Mesmo assim, ele é categórico ao afirmar que, em termos econômicos, a automação tende a enriquecer alguns setores e aniquilar definitiva­mente outros, aumentando com isso a desigualda­de mundial. Esta é a triste realidade.

Das ‘21 lições para o século XXI’, propostas por Harari, a que envolve o conceito de inteligênc­ia artificial nos leva a ter múltiplos entendimen­tos sobre o assunto. Por exemplo, um paciente ao ser atendido em um consultóri­o dotado de equipament­os de última geração, como os sensores biométrico­s, terá suas emoções muito bem monitorada­s pelos simpáticos aparelhos, melhor até do que se fossem analisadas apenas pelo médico. Ao mesmo tempo, a mesma inteligênc­ia artificial poderá ser usada por regimes centraliza­dores, as ditaduras, com objetivo de criar banco de dados genéticos para catalogar e controlar a população.

Harari trouxe mais polêmica para o debate que há tempos vem sendo realizado sobre o futuro do planeta. O importante não é saber quem ganha ou quem perde com os eventos, mas sim conhecer a melhor forma de sobreviver às mudanças que estão sendo processada­s.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil