Propinolândia envolvia mais 4 órgãos de governo
Além de lotear cargos no Detran, deputados presos na Operação Furna da Onça são acusados de negociar vagas em três fundações, na TV Alerj e na Secretaria de Saúde
Esquema de propinas de deputados estaduais presos tinha também familiares de assessores da Assembleia Legislativa.
Oesquema de loteamento de cargos dos deputados da Propinolândia vai muito além da estrutura montada no Detran, pontapé inicial da Operação Funa da Onça. O Ministério Público Federal (MPF) identificou que o grupo escolhia ainda cargos na Secretaria Estadual de Saúde, Fundação Leão XIII, Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), Faetec e também na TV Alerj.
Ontem o Tribunal Regional Federal da 2ª Região manteve a prisão de nove parlamentares, incluindo Paulo Melo, do MDB, que criou até cartilha para escapar das investigações. Apenas o deputado Marcelo Simão, do PP, garantiu seu direto de ficar em liberdade. Ele saiu da prisão na terçafeira, mas não pode ir à Alerj e nem deixar o país.
Durante o cumprimento dos 22 mandados de prisão e 47 de busca de apreensão para comprovar o recebimento de ‘mensalinhos’ e ‘prêmios’, que valiam de R$ 20 mil a R$ 3,3 milhões, para favorecer empresa do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral, preso, foram recolhidos documentos que revelam loteamento de cargos em outros órgãos do governo do estado.
Planilhas e anotações até à mão foram apreendidas com a ex-chefe de gabinete de Edson Albertassi (MDB), preso, Shirlei Aparecida Martins da Silva, recém-exonerada do cargo de subsecretária na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social. Consta indicação de auditor para a Fia e também de ‘Alex’ para a TV Alerj com a chancela do deputado estadual Rafael Picciani (MDB), filho do ex-presidente Jorge Picciani, do mesmo partido, em prisão domiciliar.
INDICAÇÃO DE ALIADOS
Em mensagem de WhatsApp, o deputado Marcos Abrahão, do Avante, indica aliados para a Fundação Leão XIII. As investigações apontam ainda que Abrahão também indicou uma amante para a Faetec. De acordo com os procuradores, no gabinete do deputado Luiz Martins, do PDT, na Alerj, foram encontrados documentos referentes à Faetec, Fundação Leão XIII, FIA e à Secretaria Estadual de Saúde. O que demonstram a alta capilaridade da organização criminosa.
“Decisão histórica do tribunal que manteve a prisão dos deputados com mandato. Eles receberam informações da operação Furna da Onça que estava em andamento”, afirmou Carlos Aguiar, procurador regional da República.
Nos documentos enviados à Justiça consta que o ex-secretário de Governo de Luiz Fernando Pezão, Affonso Monnerat, substituiu Wilson Carlos, homem forte de Sérgio Cabral, no atual esquema de corrupção entre Alerj e o Palácio Guanabara.
Ontem, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região manteve a prisão de nove parlamentares