O Dia

Um basta ao amadorismo?

- Ronaldo A. de Menezes

“CCoronel da reserva da PM

olocar só mais PMs não resolve”. A frase foi dita pelo candidato vencedor em contraposi­ção à solução de sempre de seu oponente durante um dos debates realizados. Verdadeira heresia política no momento em que se clama cada vez mais por mais polícia... Mas, por acaso, já houve algum momento em que não se clamou?

“O que resolve é o combate à impunidade”. Heresia menor, mas como poderia esperar um candidato que a noção de combate à impunidade pudesse fazer frente ao mantra de aumento de efetivo? Fez! E o resultado parece revelar que a população fluminense percebeu que as soluções de sempre tendem a gerar os mesmos resultados (de sempre).

E o vencedor parece ter captado a ânsia por soluções que fujam do “mais do mesmo”. Mas e agora? Será mesmo possível encontrar soluções “mágicas” que resolvam de vez o problema da inseguranç­a?

O problema deve ser encarado, claro, como tal, mas compreendi­do também como algo passível não de extinção (e já houve gente que prometeu isso e venceu eleição), mas de controle. E o controle começa paradoxalm­ente na busca de alternativ­as a serem aplicadas com a utilização dos recursos já possuídos. A boa notícia é que o RJ já tem tudo para fazer com que o câncer da impunidade seja combatido à ponto de que a conclusão de que estatistic­amente falando “o crime compensa” dê lugar à certeza de que, se cometido o crime, seu autor será descoberto e preso; e que o conteúdo probatório produzido nas investigaç­ões policiais será bastante para a condenação.

E os auxílios recebidos serão potencialm­ente muito mais úteis do que são hoje. Sim, miremos o exemplo da Polícia Federal! O que impede o RJ de encarnar em sua Polícia Civil o espírito dos federais?

E o que impede que a PM adote posturas ostentadas por militares federais, inspirando, pela mera presença, credibilid­ade e respeito da população? Nada! Ou tudo! A diferença não está no que se é, mas no que se faz. Trata-se sobretudo de uma questão de foco e de direcionam­ento dos recursos possuídos.

Enquanto a competente mão de obra das polícias for política e não tecnicamen­te utilizada para a alimentaçã­o de um círculo vicioso em que o encaminham­ento de qualquer ocorrência atendida nas ruas por uma ao balcão da outra não dê lugar à utilização eficiente e efetiva dos recursos de ambas em prol da elucidação de crimes graves e da melhoria de qualidade dos serviços prestados à população, continuare­mos a marcar passo.

Romper paradigmas e fazer diferente com foco na redução da impunidade e no atendiment­o à população será determinan­te para que finalmente o amadorismo dê lugar à gestão competente do problema da (in)segurança pública que tanto e há tanto tempo nos aflige.

A julgar pelo último pleito eleitoral, parece que há esperança.

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