NO LIMITE
Primeiro episódio de ‘Ilha de Ferro’, série com Cauã Reymond para a Globoplay, ganha exibição especial hoje na TV Globo. Trama se passa em uma plataforma de petróleo.
Traição, sexo, assassinatos, tráfico de drogas, tiroteios, tensão e explosão. A rotina de petroleiros que vivem metade da vida embarcados e a outra metade em terra, os dramas em alto-mar, no ar e as relações com familiares são só alguns dos ingredientes de ‘Ilha de Ferro’, série produzida pela Globo exclusivamente para o Globoplay (plataforma de streaming). A obra foi criada e escrita por Adriana Lunardi e Max Mallmann, morto em 2016. “Quando estávamos no episódio oito, Max morreu. ‘Ilha de Ferro’ é uma justa homenagem a ele”, diz a autora.
‘TELA QUENTE’
Os 12 episódios estão no site desde a última quarta-feira. Mas hoje a Globo dá uma força e exibe o primeiro capítulo na ‘Tela Quente Especial’, a partir das 22h40. “Hoje em dia, o que eu mais gosto de fazer é serie. Fiz escolhas para estar nesse projeto. Neguei personagens muito interessantes em veículos muito fortes e potentes para estar aqui”, diz Cauã Reymond, que viveria Gabriel, papel de Bruno Gagliasso, em ‘O Sétimo Guardião’, da Globo, e parece não ter se arrependido da decisão. A aposta no produto é tanta que a segunda temporada já está sendo gravada e uma terceira foi encomendada.
“O projeto exigiu de todo mundo, principalmente, um maior esforço físico de quem estava na plataforma. Do meio para o final, a trama toma um lugar de suspense. Mas temos momentos muito pesados de drama, principalmente para o meu personagem (Dante) com Bruno (Klebber Toledo), Leona (Sophie Charlotte) e Júlia (Maria Casadevall). Na história, Dante (Cauã) é casado com Leona, mas ela o trai com Bruno, irmão de Dante. “Ser corno não é fácil (risos)”, brinca Cauã.
ATOR ENFORCADO
Klebber Toledo conta que se sente honrado por fazer parte do elenco. Ele lembra que, quando Afonso Poyart, diretor artístico da série, o viu, não botou muita fé de que o ator (louro) poderia ser irmão de Cauã (moreno) na ficção. “Eu falei: ‘Olha meu irmão, cara, ele é moreno’ ”, confessa, aos risos.
Depois de conquistar o voto do diretor, Klebber diz que durante o teste fez uma cena com Cauã. “No meio da cena, eu olhava no olho dele (Cauã), e ele esperava o momento que eu estava despreparado para me enforcar. E ele me enforcou. Eu acho que o Afonso gostou, porque ele repetiu umas seis vezes (risos). Eu lembro que durante o teste eu pensei: ‘Pô, se eu não pegar esse personagem’. Foi isso. Obrigado desde o começo”, revela Toledo.
A relação entre Dante e o irmão caçula é espinhosa. E tudo piora quando o petroleiro descobre pela mulher que ela dormiu com Bruno. Leona é uma estudante de Direito, que tem uma personalidade multifacetada. Em poucos minutos, vai da euforia ao desespero sem motivo, ou com motivos que só ela entende. Do marido, ela exige o carinho e a proteção de um pai, ao mesmo tempo em que faz um jogo erótico.
“Me interessa muito como mulher e artista o que eu não entendo. E a Leona na minha primeira leitura, contato, me trouxe uma noção de abismo. Foi um processo rico de aprendizado, descoberta como atriz, mulher, ser humano, e esse é o ganho desse ofício. Acho ela interessante pelo contraponto que propõe do mar com a terra, e dos conflitos, desse isolamento inverso. Ela está sempre nessa loucura do abismo dela, mesmo estando em terra, enquanto os outros personagens estão no mar”, justifica Sophie.
CULPA
Depois da notícia da traição cair como uma bomba no organizado mundo caótico de Dante, ele vai tirar satisfação com o irmão, que é piloto de helicóptero. Durante um voo, eles discutem, e a aeronave cai. Dante sai ileso do acidente, mas Bruno é hospitalizado em coma. Se na terra a vida do herói trágico está de pernas para o ar, no mar não será diferente.
Dante é um engenheiro especialista em produção e coordenador de produção da PLT-137. Profissional experiente, espera assumir o posto de gerente de plataforma. Mas quem chega e assume a vaga é a disciplinada e valente Júlia (Maria Casadevall), uma engenheira de produção, que é neta do presidente do Sindicato dos Petroleiros, João Bravo (Osmar Prado), e filha do Ministro de Minas e Energia, Horácio Bravo (Herbert Richers Jr).
“A lente foi muito sensível captando a potência do que a gente viveu. O que vocês vão ver foi muito próximo da nossa experiência de vida como atores, artistas. Foi um mergulho vertical nesse processo”, frisa a atriz.
PROJETO CARO
Para Afonso Poyart, diretor artístico de ‘Ilha de Ferro’, quando ele foi chamado para dirigir a produção e viu a quantidade de cenas de ação, não pensou duas vezes. “Falei para a Globo: ‘Tem um jeito de fazer isso: o jeito certo. Não vai ser barato, não vai ser fácil, vai levar um tempo, vamos ter um número de diárias diferenciado para os projetos de série’. E a Globo peitou isso e falou: ‘Vambora’. Falei que precisaria do elenco que eu quisesse e eles me deram carta branca. Foram 130 dias filmando. Filmamos na água, céu, na terra e no fogo. Foi intenso e visceral”, resume.
RÉPLICA DE PLATAFORMA
Poyart conta que ele e a equipe precisaram driblar a questão de não conseguir filmar muito tempo em uma plataforma de verdade — eles tiveram aproximadamente cinco dias em uma plataforma da Petrobras ancorada em Angra dos Reis. “Realmente, entrar em uma plataforma e fechar ela, filmar uma cena, são milhões de dólares”, conta.
Para dar conta das cenas restantes, os profissionais contam com uma réplica de uma plataforma de exploração de petróleo de quase 3 mil m² erguida nos Estúdios Globo, que concentrou quase 60% das cenas da primeira temporada da série.
“E tudo que vocês vão ver é uma mistura de várias técnicas. Tem a réplica, tem uma refinaria de petróleo, que a gente usou para algumas cenas, temos a casa de máquinas de um navio, o convés de um navio, cenários em estúdio. A mistura de tudo isso faz a gente, na hora dos cortes, da mágica, parecer que está em uma plataforma, quando na verdade é uma mistura de muita coisa. Foi um desafio porque é um grande quebra-cabeça para a produção”, diverte-se.
CERTIFICADO
Tanto o diretor quanto todos os envolvidos nas cenas da verdadeira plataforma de petróleo tiveram que fazer um curso de aproximadamente uma semana. “É um curso que prepara a gente para o caso de um acidente. Se o helicóptero cair no meio do mar, o curso ensina como a gente sair do helicóptero e não afundar dentro dele”, frisa Poyart, que tem o tal certificado, assim como Cauã e Maria Casadevall, entre outros. “É um universo tão arriscado que uma plataforma de petróleo é nível seis (de segurança). Para você ter uma ideia, uma usina nuclear é nível seis também. É um ambiente extremamente perigoso e hostil. Não é lugar para equipe de filmagem”, diz.
Na série, Cauã Reymond é o engenheiro Dante, que tem a vida virada ao avesso após descobrir a traição de sua mulher com seu irmão. “Ser corno nãoéfácil”,brinca o ator