O Dia

De volta aos tempos de infância

Fã de Grande Otelo desde criança, Érico Brás assume papel que era do comediante na nova ‘Escolinha’

- > Do Estadão Conteúdo

Artista versátil, e também um nome de destaque na luta pela igualdade social, Érico Brás foi reconhecid­o com um prêmio internacio­nal, entregue em setembro em Nova York. Ele integra agora a lista dos 100 Negros Mais Influentes do Mundo pelo Mipad (Most Influentia­l People of African Descent), junto com nomes como Chadwick Boseman (‘Pantera Negra’), Meghan Markle (duquesa), Donald Glover (rapper) e Nbaba Mandela (neto de Nelson Mandela).

Feliz por esse momento que está vivendo, o ator comemora, aos 39 anos, também sua entrada na nova temporada da ‘Escolinha do Professor Raimundo’, que estreia neste domingo — e não só por estar nesse time, mas por poder interpreta­r o Seu Eustáquio, personagem já vivido por Grande Otelo.

“Quando Cininha de Paula me chamou para fazer esse personagem, fiquei muito emocionado”, conta o ator. “A ‘Escolinha’ está na infância de muita gente. Quando Chico Anysio a criou, ela virou um fenômeno. Quando eu voltava da escola, assistia ao programa e via o Grande Otelo com seu personagem tão engraçado. Isso me chamava a atenção e alimentava minha vontade de ser artista”. Para fazer o personagem, diz que vai com muita cautela, procurando se manter o mais fiel possível ao que já foi feito.

Esse baiano de Salvador logo cedo mostrou que tem um lado forte para as artes, para o humor, e foi em 2008 que ele surgiu nas telas dos cinemas ao lado de Lázaro Ramos em ‘Ó Paí, Ó’, filme de Monique Gardenberg, fazendo o personagem Reginaldo, papel que repetiu na TV em 2009 e que retorna- rá em 2019 em uma sequência do longa. Outro papel que marcou sua carreira e até hoje é lembrado é o de Jurandir, de ‘Tapas & Beijos’. “Um dia, quando eu fazia o ‘Tapas’, uma mãe mostrou que o filho havia pedido o mesmo corte de cabelo do Jurandir. Foi quando percebi a minha responsabi­lidade para com o público e as crianças”, conta Érico.

Atualmente, o espectador se diverte com a participaç­ão do ator no humorístic­o ‘Zorra’ — ele se diz muito grato pela indicação para integrar o programa. “Esse ‘Zorra’ é diferente da versão anterior, tem um humor inteligent­e, renovado, e sabemos muito bem que a comédia ajuda a refletir sobre os mais diversos assuntos, e os atuais não podem passar despercebi­do na TV. Com o humor do programa, a gente ajuda a refletir sobre essas questões”.

E, para demonstrar que é versátil mesmo, Érico também está em cartaz até amanhã, no Teatro Bradesco, com o musical ‘O Frenético Dancin’ Days’. “Fui convidado por Deborah Colker e Nelson Motta para fazer um personagem especial, o DJ Dom Pepe, que foi amigo de Nelson, com quem fundou a boate Frenetic Dancing Days, que unia empregados e patrões no mesmo local”, explica. “O espetáculo proporcion­a uma viagem no tempo, e a gente se diverte muito no palco, como o público também se diverte na plateia”, completa.

Mas com tanta realização nessas áreas — teatro, cinema, televisão —, Érico mostra que seu lado de ativista fala muito alto. “Eu estou sempre ligado na tentativa de resolver os problemas sociais, tanto que fui nomeado conselheir­o no Fundo de Populações das Nações Unidas, o que só faz ampliar o trabalho que eu e a minha mulher fazemos de conscienti­zação”, conta ele, casado com Kenia Maria. Para isso, sabe que sua atuação nas mídias ajuda a aumentar a abrangênci­a dessas ideias. “Sabemos que a ausência do negro e a falta de representa­tividade das classes sociais mais baixas são muito grandes. Nossa luta é pedir, exigir que o setor de comunicaçã­o insira mais mulheres, negros, jovens”, conclui.

Agora, será que falta algo ainda na carreira dele? “Eu tenho um sonho muito grande, o de ser apresentad­or de programa, pois há poucos negros nessa área, e eu sei que tenho jeito para isso. Se surgir uma oportunida­de, agarro com certeza”, revela.

“Tenho um sonho muito grande, o de ser apresentad­or de programa, pois há poucos negros nessa área, e sei que tenho jeito para isso”

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Érico Brás também está no ar no ‘Zorra’ e no teatro

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