DICAS PARA COMPRAR
Especialistas falam sobre os principais golpes praticados por vendedores de carros usados e explicam o que fazer para evitá-los
O veículo pode ter multas e impostos não pagos. A transferência só pode ser concretizada quando essas questões forem resolvidas
ROBERTO BOTTURA, CEO da Checkprice
Entre setembro e outubro deste ano, a venda de usados teve alta de 11,2%, segundo balanço da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Em meio a esse crescimento, também aumenta a preocupação com os cuidados que devem ser adotados para comprar um veículo desse tipo. E, dessa forma, blindar o consumidor para que ele possa fazer a melhor compra possível.
Especialistas alertam para a importância de redobrar a atenção em compras com valores abaixo do cobrado pelo mercado, por exemplo. Também é preciso evitar compras feitas por impulso. O cliente que tenha um desejo de adquirir determinado carro pode correr algum tipo de risco. Caso a negociação ocorrer diretamente entre cliente e proprietário, sem a intermediação de uma concessionária, o consumidor só deve dar um sinal ou fechar o negócio depois de ver o carro e ter os documentos em mãos.
PNEU COMO REFERÊNCIA
Um componente que pode indicar o quanto um veículo é rodado é o pneu. A peça tem duração média de 40 mil quilômetros. Então, quando trocada antes de o carro completar essa distância, o comprador deve ter a atenção redobrada. O futuro comprador deve observar se há coerência entre a condição geral do carro e a rodagem. “Há diversas formas
de supervalorizar uma venda. Refazendo a pintura sob uma batida, alterando a numeração do hodômetro”, exemplifica Maurício Feldman, sóciofundador da Volanty, plataforma que conecta vendedores e compradores de seminovos.
DEFEITOS APARENTES
Feldman diz que o estado da lataria do carro é um dos pontos de partida. “Alguns vendedores tentam disfarçar as marcas de colisão para que não haja desvalorização do automóvel. Nos reparos mais amadores, coloca-se um tipo de massa no local danificado e a pintura é feita por cima”, explica Feldman. Para detectar esse tipo de problema, é necessário prestar atenção em possíveis diferenças de tonalidade na lataria. “Com cores cada vez mais exclusivas, alguns serviços podem ser feitos com opções similares a original”.
Para seminovos com até três anos, é importante conferir a frequência das revisões feitas pelo antigo dono, alerta o especialista. “Tudo em um veículo funciona de modo integrado, fazendo com que uma peça quebrada interfira na qualidade de outras. Por isso, verificar a condição dos componentes antes da compra ou venda é essencial”, afirma. A checagem pode ser feita pelo manual do proprietário. No documento, constam as informações sobre a ida do veículo a concessionária ou até recalls, que são reparos obrigatórios solicitados pela montadora.
Na hora de comprar um seminovo, é importante verificar a documentação e os antecedentes do veículo para garantir a legalidade da transação. Alguns veículos podem estar em situação irregular por roubo, financiamentos que não foram pagos e outras situações que tornam a transferência para outra pessoa impossível de ser feita. A dica é comprar apenas veículos que estejam no nome do vendedor. “O veículo pode ter multas e impostos não pagos, pendências administrativas com o Detran. Ou, pior, ser fruto de roubo, furto ou bloqueios judiciais. A transferência de titularidade só pode ser concretizada quando essas questões forem resolvidas”, afirma Roberto Bottura, CEO da Checkprice.