O Dia

CRIVELLA QUER DEVOLVER 24 UNIDADES DE SAÚDE

Prefeitura acusa a União de descaso por queda de repasses a hospitais e clínicas municipali­zados

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

A Prefeitura do Rio impetrou ação civil pública, com pedido de liminar, para que o governo federal as reassuma e mantenha em funcioname­nto. No início da noite, a 21ª Vara Federal negou o pedido de urgência.

Afalta de consenso entre a Prefeitura do Rio e o governo federal para garantir o atendiment­o de saúde aos cariocas fez o prefeito Marcelo Crivella entrar na Justiça para devolver 24 unidades muncipaliz­adas há mais de 13 anos, mas a Justiça Federal negou um pedido de liminar no fim da tarde de ontem. A ação civil pública, movida pelo município na quinta-feira, ressalta que o objetivo é evitar a ruptura na prestação dos serviços de hospitais, clínicas municipais de saúde e policlínic­as que saíram da gestão da União entre 1994 e 2005.

A juíza Maria Alice Paim Lyard, da 21ª Vara Federal do Rio, entendeu que a ação não assume caráter de urgência que justifique a concessão de liminar e que qualquer medida judicial só poderia ser tomada depois que o Ministério da Saúde fosse ouvido no processo. A prefeitura informou que não foi notificada da decisão.

Na lista, estão os hospitais da Piedade, naquele bairro, Raphael de Paula Souza, em Curicica, Álvaro Ramos, na Taquara, e Francisco da Silva Telles, em Irajá; os hospitais maternidad­es Carmela Dutra, no Méier, e Alexander Fleming, em Marechal Hermes; e os institutos psiquiátri­cos Juliano Moreira, na Taquara, Nise da Silveira, no Engenho de Dentro, e Philippe Pinel, em Botafogo.

A Procurador­ia Geral do Município acusa o Ministério da Saúde de descaso com a saúde da população do Rio. A prefeitura afirma que no último acordo, em 2005, ficou acertado que a União repassaria R$ 100 milhões por ano para as unidades (corrigido pela inflação, o valor chegaria hoje a R$ 205,8 milhões), mas que gasta R$ 251,4 milhões. Segundo o município, R$ 400 milhões deixaram de ser repassados.

“Em tentativa recente de fechar acordo com a União, em julho, a prefeitura encaminhou ofício ao Ministério da Saúde solicitand­o o reequilíbr­io econômico e financeiro para a manutenção da municipali­zação. Mas o Ministério da Saúde não fez a recomposiç­ão dos valores e manteve a inadimplên­cia”, disse o município. A ação lembra que, em abril, o prefeito se reuniu com o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, mas sem solução.

O Ministério da Saúde comentou que não foi notificado e que não possui programa com previsão de recursos para estabeleci­mentos de saúde. De acordo com a pasta, o custeio destes serviços está contemplad­o no limite financeiro de Média e Ata Complexida­de, repassado mensalment­e ao município. “O gestor local tem autonomia para definir a melhor organizaçã­o da sua rede assistenci­al garantindo acesso à população”. Segundo o órgão, cabe aos estados e municípios o atendiment­o à população.

As outras unidades são o PAM de Irajá, as policlínic­as Antônio Ribeiro Netto, Helio Pellegrino, José Paranhos Fontenelle­s, Rodolpho Rocco, Lincoln de Freitas Filho, Carlos Alberto do Nascimento, Manoel Guilherme da Silveira Filho, Newton Alves Cardozo e Newton Bethlem, e os Centros Municipais de Saúde Oswaldo Cruz, Dom Hélder Câmara, Maria Cristina Roma Paugartten, Cesar Pernetta e Alberto Borgerth.

O gestor local tem autonomia para definir a melhor organizaçã­o da sua rede assistenci­al garantindo acesso à população

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Colaborou o estagiário Felipe Rebouças

 ?? MARCIO MERCANTE / AGÊNCIA O DIA ??
MARCIO MERCANTE / AGÊNCIA O DIA
 ?? FOTOS MARCIO MERCANTE / AGENCIA O DIA ?? O Centro Municipal de Saúde Oswaldo Cruz, no Centro, está na lista para ser devolvido. O Ministério da Saúde alega que a gestão das unidades cabe a estados e municípios
FOTOS MARCIO MERCANTE / AGENCIA O DIA O Centro Municipal de Saúde Oswaldo Cruz, no Centro, está na lista para ser devolvido. O Ministério da Saúde alega que a gestão das unidades cabe a estados e municípios
 ??  ?? João Cecílio e a filha Andreia acham que a mudança não prejudicar­ia a Policlínic­a Antônio Ribeiro Netto
João Cecílio e a filha Andreia acham que a mudança não prejudicar­ia a Policlínic­a Antônio Ribeiro Netto

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil