Baixada concentra maior número de crimes políticos
Investigações apontam para participação de milicianos em nove de 17 assassinatos em três anos. Quinze ocorreram na Baixada
Desde 2015, dos 17 assassinatos de pessoas ligadas à política no Rio, 15 ocorreram na região. Investigações da polícia apontam para participação de milicianos.
Dos 17 homicídios de pessoas ligadas à política no Rio desde 2015, em nove deles a polícia tem como principal linha de investigação a atuação de milicianos. A Baixada Fluminense concentra o maior número de assassinatos: foram 15, sendo os mais recentes ocorridos nos últimos dois meses. Somente três inquéritos foram concluídos.
A atuação desses grupos intimidando testemunhas, além de possuir braços nas forças policiais e na política, é apontada pelo secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, e pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, como o principal obstáculo para o esclarecimento da morte da vereadora Marielle Franco.
“Há testemunhos de duas pessoas em que são feitas gravíssimas acusações contra agentes públicos do Rio e que existiria um complô entre agentes públicos, milicianos e políticos muito poderosos que não teriam interesse na elucidação do caso”, disse Jungmann em evento da Fundação Getúlio Vargas Energia sobre combate à corrupção.
A principal linha de investigação da morte da vereadora aponta para uma milícia de Curicica. Já a Polícia Federal também investiga a possibilidade do maior grupo paramilitar do estado estar envolvido: a milícia de Três Pontes.
Até 2015, a milícia, então chamada Liga da Justiça, atuava na Zona Oeste, mas expandiu seus territórios para a Baixada, absorvendo outros grupos de milicianos e até de traficantes. Passou a ser identificada pelo apelido de Três Pontes, em referência à origem da comunidade de Carlos Alexandre Braga, que era o principal chefe do grupo, morto em 2016, em uma ação da Delegacia de Homicídios.
Carlinhos seria o mandante da execução do vereador Luciano DJ, em 2015, além dos candidatos ao cargo de vereador Júlio Reis e Primo. A sua milícia também é apontada como responsável pela morte do ex-candidato à Prefeitura de Seropédica Miguel Ângelo Steffan de Souza, o Miguelzinho, de 51 anos, ocorrida no dia 11 de novembro, e do ex-candidato Rafael Gomes, em outubro, de acordo com investigações.
Há testemunhos de duas pessoas em que são feitas gravíssimas acusações contra agentes públicos do Rio de Janeiro RAUL JUNGMANN, ministro da Segurança Pública