O Dia

MERITI: DESCASO DAS AUTORIDADE­S

Moradores de São João de Meriti sofrem com falta de saneamento, asfalto precário e lixo nas ruas, além da omissão do poder público

- ALINE CAVALCANTE aline.cavalcante@odia.com.br

A partir de hoje, a seção ‘O DIA no Seu Bairro’ mostra os problemas enfrentado­s pelos moradores de localidade­s da Baixada, como os de Vila Jurandir e Grande Rio, em São João de Meriti. Além de falta de saneamento básico, eles se queixam do amontoado de lixo na Avenida Paulo de Frontin, que causa mau cheiro e riscos à saúde das crianças.

Oque falta no seu bairro? Quais melhorias são necessária­s? O que você mudaria? O DIA vai percorrer o Rio e a Região Metropolit­ana para ouvir dos moradores quais são os principais problemas enfrentado­s diariament­e. Na primeira reportagem da série, os bairros Vila Jurandir e Grande Rio, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, que estão abandonado­s e sofrem com a omissão do poder público.

Na Avenida Paulo Frontin, em Vila Jurandir, a vista que os moradores contemplam não é nada agradável. Há um amontoado de entulho e a via está esburacada. “Há anos a situação está assim. Fica um monte de lixo, enquanto nossas crianças não têm onde brincar. Além da limpeza, queremos que a prefeitura dê uma utilidade ao local. Pode ser uma praça, jardim, academia ou qualquer outra opção de lazer”, sugere a cabeleirei­ra Patrícia Maria dos Santos, de 47 anos.

Tanto lixo exposto, por sinal, preocupa o autônomo Nelson Barbosa, 62. “Limpeza é saúde. É o básico para uma população mais saudável. O lixo é um problema crônico”, reclama. A opinião é compartilh­ada com Nilton Francisco, 59. “Nessa época de chuva de verão, temo pelo acúmulo de água no meio do entulho. Vira um foco de dengue”, pondera.

O mau cheiro e a poeira fazem a aposentada Célia Silva manter as janelas e portas sempre fechadas. “Não posso abrir a casa porque o cheiro é péssimo, a casa fica cheia de poeira e mosquito. Já não tenho vontade de morar mais aqui, são muitos anos nessa situação sem ver mudança. Quero vender minha casa e ir para outro lugar”, comenta.

Para o aposentado José Carlos, 62, a grande perda do bairro nos últimos anos foi na área da saúde. “Perdemos nossos agentes de saúde que era tão importante­s. Hoje não temos mais e sinto muita falta”, lamenta. Já José dos Santos reclama que a violência também tem afetado a rotina dos moradores e os assaltos nos pontos de ônibus são constantes. “As pessoas saem de casa para trabalhar e quando chegam no ponto são assaltadas. É um absurdo”, protesta.

Sem asfalto e com muito mato, a rotina dos moradores da Rua José Cardoso, também na Vila Jurandir, não é das melhores. “Sair de casa e se deparar com a rua desse jeito é muito ruim. Quando não atolamos na lama, sofremos coma poeira ”, ressaltaJu­verly Lima, 59. A falta de iluminação é outro motivo de reclamaçõe­s. “Estamos às escuras, a maioria das lâmpadas está queimada e a prefeitura não faz a troca”, diz a estudante Millena Manhães, 20.

No bairro Grande Rio, o cenário também é de abandono. A falta de médicos e medicament­os deixa pacientes sem tratamento­s. Daianne Zamperini, 30, e Vanuza Ximenes, 33, estão há meses tentando consulta para os filhos. “Meu bebê tem apenas um mês e precisa de acompanham­ento médico. Foi difícil marcar consulta e ainda não consegui fazer os exames necessário­s. Além disso, ele precisa de remédios que os postos de saúde não têm”, relata Daianne. Já Vanuza precisa de um neurologis­ta para o filho de 10 anos. “Não tem neurologis­ta em nenhuma unidade e não posso pagar. Meu filho está com dificuldad­e de aprendizag­em e a demora vai prejudicar um tratamento”, lamenta.

Na Escola Municipal Viviane Gonçalves falta merenda de qualidade. As crianças estão fazendo refeições incompleta­s. “Meu filho comeu apenas macarrão e feijão. Não tinha um legume, carne ou ovo. Fui verificar na escola elá me confirmara­m que não tinha”, revela Daianne Zamperini.

Cristiane Conceição, 36, reclama que a população vive de promessas. “Em época de eleição, os políticos sempre prometem que vão manilhar o valão e asfaltara Rua Tenente João dos Anjos, mas nada sai do papel. Quando chove, vira um rio. Estamos cansados”, desabafa.

“A prefeitura veio limpar o valão e não voltou mais nem para recolher os resíduos retirados. Na limpeza, uma máquina quebrou uma das pontes quedá acessoa uma das casas, mas sequer refez o estrago. O dono da casa, que é meu irmão, teve que abrir um novo portão com saída para a minha casa, que fica ao lado. Estamos abandonado­s”, conta Ingrid Oliveira, 28.

Em nota, a Secretaria de Obras e Serviços Públicos de São João de Meriti disse que enviará equipe para apurar as reclamaçõe­s e fazer limpeza das áreas com lixo e entulho. Com relação ao asfalto e esgoto, os locais citados serão inspeciona­dos. A Secretaria de Educação irá checar se houve problema na Escola Viviane Gonçalves e garantiu que colégios têm cardápio equilibrad­o e elaborado por nutricioni­sta. Já a Polícia Militar divulgou que o 21º BPM (Vilar dos Teles) atua com base nas análises das manchas criminais e informaçõe­s do setor de Inteligênc­ia, e com policiamen­to ostensivo

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FOTOS LUCIANO BELFORD/AGÊNCIA O DIA Durante limpeza do valão, uma das máquinas da prefeitura quebrou ponte de acesso de uma das casas da rua e não fez qualquer reparo
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Sem asfalto, Rua José Cardoso sofre com alagamento­s constantes
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Falta de calçamento das ruas é uma das principais reclamaçõe­s

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