O Dia

Lá vem um clássico do soul brasileiro

Don Betto, do hit ‘Pensando Nela’ (de ‘Dona Xepa’, da Globo), volta aos shows e planeja disco para 2019

- RICARDO SCHOTT ricardo.schott@odia.com.br

Se você tem mais de 40, passava os anos 1970 com a cara grudada na televisão vendo novela e curtia as trilhas sonoras das tramas, tem uma grande chance de você lembrar de Don Betto. O guitarrist­a e compositor uruguaio, cujo nome verdadeiro é Alberto Lorenzo Nan Pierri, marcou época com ‘Pensando Nela’, da trilha de ‘Dona Xepa’ (1977). Por causa do sotaque acentuado, Betto cantava no refrão: “estarei/pensando nêla”. Virou um clássico da soul music nacional e abriu espaço para o disco ‘Nossa Imaginação’, seu primeiro álbum solo, que fez 40 anos em 2018.

O músico, que depois disso tocou com Raul Seixas, Virginie (ex-vocalista do grupo Metrô) e com o grupo de música latina Raices de America, vem fazendo um retorno leve aos palcos como artista solo, e começou pelo Rio: participou do show do amigo Carlos Dafé no Teatro Rival em outubro e recordou sucessos dos anos 1970 e 1980 em show no Manouche, no dia 14 de novembro, com participaç­ão de Donatinho e do próprio Dafé.

“Gostei bastante de tocar no Manouche, é um lugar meio Nova Orleans, né? Mas vamos ver se fazemos mais uns teatros”, lembra o músico, que hoje vive em Sorocaba (SP), depois de vários anos em São Paulo. O show do Manouche foi gravado em áudio e vídeo, mas ele ainda não decidiu o que vai fazer com o conteúdo. “Pode ser um DVD, de repente com depoimento­s. Vamos dar continuida­de ao trabalho”.

Betto veio para o Brasil em 1974, com um grupo que tinha com suas irmãs, um primo e alguns amigos. Chegaram a São Paulo, onde acabaram contactand­o um percussion­ista uru- guaio que tocava com Benito di Paula na meca do samba paulistano, Catedral do Samba. “Benito deixou a gente tocar por uns 20 minutos e acabamos ficando quatro anos na casa”, recorda Betto. O músico resolveu arriscar uma ida ao Rio, sozinho, e acabou conseguind­o tocar numa boate em Ipanema, ao lado de um músico da orquestra da Globo, Chiquinho Botelho, e que o indicou para mostrar composiçõe­s suas na CBS (hoje Sony).

NOVELA

‘Pensando Nela’ não foi sua única composição em novela. Teve ‘Amor Informal’, balada incluída numa hoje esquecida trama da Globo, ‘O Pulo do Gato’ (1978). A primeira quase escapou de ser populariza­da, porque Betto achou sua própria composição “simples demais”.

“Fui na CBS e mostrei músicas pro (produtor) Walter D’Ávila Filho. Ele disse que estava indo para a Som Livre e ia levar o meu material com ele. Só que fui no banheiro e ele começou a folhear meu caderno de músicas. ‘Pensando Nela’ era a única que eu não havia mostrado para ele, e ele me pediu para cantar”, conta. Betto mal começou, Walter soltou um “é essa!”, pegou o telefone e ligou para a Som Livre para informar que havia achado “a música da novela”.

Mudanças no mercado fonográfic­o acabaram virando a carreira de Betto, que pediu demissão da Som Livre, tentado por uma outra gravadora. “A Warner quis me levar para lá, eu saí da Som Livre, mas o contrato com a nova gravadora não aconteceu. Passei a viver como músico acompanhan­te. Apareceram oportunida­des e fui fazer minhas coisas”, conta o músico, que planeja um disco novo para 2019.

 ?? FOTOS DIVULGAÇÃO ?? Don Betto: soul music nacional que começou no Uruguai, onde ele nasceu
FOTOS DIVULGAÇÃO Don Betto: soul music nacional que começou no Uruguai, onde ele nasceu
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil