RIO DEBAIXO D’ÁGUA
Chuva na madrugada e manhã de ontem alaga várias áreas do estado, atrapalha a ida ao trabalho de parte da população
Um forte temporal durante a madrugada e a manhã de ontem atingiu diversos bairros do Rio e de cidades da Região Metropolitana, assustando moradores que vivem em áreas de risco. Foram registrados vários pontos de alagamentos, quedas de árvores e deslizamentos. Segundo a Defesa Civil, sirenes foram acionadas em dez comunidades cariocas. Em Niterói, Charitas e Juruba ficaram ilhados. Também choveu forte em Angra dos Reis e Paraty, na Costa Verde.
O Rio entrou em estágio de atenção às 23h40 de domingo, sendo que os grandes volumes de chuva continuaram até 11h de ontem. No Jardim Botânico choveu em 12 horas cerca de 62% das chuvas normalmente registradas em um mês. No Tanque, choveu o equivalente a 65% da média mensal. O mesmo aconteceu na Urca, Vidigal e Rocinha, com nível pluviométrico bem acima do esperado para o período.
Os bolsões de água e o temporal deram um nó no trânsito. Por volta das 9h eram 197 quilômetros de congestionamentos no Rio. A Lagoa, na Zona Sul, foi o bairro que mais sofreu com as chuvas. Um trecho da Avenida Borges de Medeiros ficou fechada no sentido Jardim de Alah durante três horas devido aos alagamentos.
Em coletiva realizada no Centro de Operações, o secretário da Casa Civil, Paulo Messina, contou que a maré alta dificultou o escoamento
Foram registrados 197 quilômetros de engarrafamentos na manhã de ontem em função do temporal
da água da chuva. “Nós tivemos, às 23h40, um início de chuvas muito forte, principalmente na região do Tanque e Praça Seca, em Jacarepaguá, e em Santa Cruz. A prefeitura reagiu de forma imediata e, por volta das 3h, toda a situação já estava controlada. Mas, infelizmente, por volta das 5h começou uma chuva muito forte na Zona Sul e a combinação da maré alta com o nível da Lagoa Rodrigo de Freitas fez um estrago ali na região. O problema todo foi a chuva ter caído na hora de rush”, disse Messina.
Por conta do trânsito, muitas pessoas chegaram atrasadas no trabalho. Foi o caso do auxiliar administrativo Júlio César Moraes. “Ve- nho de Cordovil e cheguei às 8h na Leopoldina. Fiquei mais ou menos uma hora esperando o 461 até que resolvi andar até São Cristóvão e perdi meia hora na caminhada. Dois ônibus lotados passaram por mim, mas não pararam. Trabalho no Leblon e costumo demorar cerca de meia hora, mas hoje foram duas horas”, reclamou.
Para especialistas, as alegações das autoridades de que “está chovendo um percentual mais alto do que era previsto para o mês todo”, para justificar inundações no Rio, não se justificam. “Eles precisam entender que diante desse novo comportamento do clima, o crescimento urbano desordenado, a falta de gestão ambiental e de um sistema eficiente de drenagem, cobrarão preço cada vez mais alto de cidades que insistem em não se preparar adequadamente para adversidades”, avalia o biólogo Mário Moscatelli.