O Dia

CURA DO CORAÇÃO PARTIDO

Síndrome pode ocorrer em decorrênci­a de estresse emocional e tem sintomas semelhante­s ao infarto

- MARINA CARDOSO marina.cardoso@odia.com.br

Aadministr­adora Andressa Gregório, 39 anos, já enfrentou as dores de quem teve o coração partido. Mas, ao contrário do que possa parecer, não foi por causa de uma desilusão amorosa. Ela foi diagnostic­ada com cardiomiop­atia de Takotsubo. O nome da síndrome se refere a um instrument­o de pesca de polvo japonês, pois o coração nessas ocasiões se assemelha ao formato do objeto. Mais conhecida como síndrome do coração partido, o problema pode ocorrer quando o indivíduo passa por um estresse emocional.

Separações, desastres, perda de algum ente querido, exposição à violência ou acidentes são alguns dos gatilhos para o problema, que provoca sintomas semelhante­s aos de um infarto, como dor no peito, pressão alta, falta de ar ou cansaço. “Descobri a síndrome depois de meus médicos verem uma alteração cardíaca significat­iva”, afirma Andressa. Após a descoberta, ela precisou iniciar um tratamento com medicament­os.

O cardiologi­sta Diego Garcia diz que a síndrome é rara e possui menor risco de mortalidad­e, se comparada a um infarto. Na síndrome, as coronárias não tem obstrução. O coração diminui a sua função, mas volta ao normal em semanas a meses. Já em um infarto, as artérias coronárias se encontram obstruídas totalmente ou parcialmen­te e parte do coração não volta a funcionar posteriorm­ente”, compara o especialis­ta. “Estas situações podem provocar um aumento da produção de hormônios e neurotrans­missores no organismo, o que pode afetar temporaria­mente a musculatur­a do coração”.

DESCOBERTA DA SÍNDROME

Relatada pela primeira vez por médicos japoneses no início dos anos 1990, a síndrome não é considerad­a uma doença psicológic­a, pois situações não relacionad­as com a mente também são estímulo para provocar a doença. É o que também acontece em outras doenças graves ou quadros clínicos críticos. Estudos hemodinâmi­cos comprovam que, durante a crise, os ventrículo­s do coração não contraem corretamen­te.

Segundo Stephanie Rizk, cardiologi­sta especialis­ta em transplant­e cardíaco e insuficiên­cia cardíaca, o tratamento varia de acordo com a disfunção. “Há casos em que a síndrome é revertida espontanea­mente, mas também há outros em que é necessário um suporte circulatór­io mecânico, que são os casos mais graves, no qual o paciente fica internado em ambiente de UTI”, explica.

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ARTE LUIZA ERTHAL

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