Brasil deixa clima de lado
País não vai mais sediar encontro mundial sobre o tema, por decisão de Bolsonaro
OBrasil não será mais candidato a anfitrião da próxima cúpula mundial do clima, a COP25, que aconteceria em novembro de 2019. A decisão teve, segundo o próprio afirmou, participação do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
De acordo com nota emitida ontem pelo Itamaraty, o governo brasileiro decidiu não recepcionar a reunião da ONU sobre as mudanças climáticas mundiais, devido ao processo de transição de administração do país e “tendo em vista as atuais restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo”.
No entanto, logo após o anúncio da decisão, Bolsonaro admitiu, em coletiva, que recomendou a retirada da candidatura. Além do custo, o presidente eleito citou restrições aos temas que serão discutidos durante a reunião e expressou temores em relação à soberania brasileira sobre a Amazônia. “Está em jogo o Triplo A nesse acordo”, disse. “É uma grande faixa que pega dos Andes, Amazônia e Atlântico, 136 milhões de hectares, ali, então, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, e que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área”.
Bolsonaro negou que a preservação ambiental e a mudança climática não sejam prioridade da futura gestão. “Mas não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil. Hoje, a economia está quase dando certo por causa do agrone- gócio, e eles estão sufocados por questões ambientais”, declarou.
A decisão de Bolsonaro segue a mesma linha que vem sendo expressada pelo futuro chanceler brasileiro, o diplomata Ernesto Araújo, que já falou em “alarmismo climático” e tem posição avessa a discussões multilaterais.
Na campanha, Bolsonaro disse que poderia retirar o Brasil do Acordo de Paris, de 2015, que tem como meta reduzir a emissão de gases do efeito estufa. O presidente eleito queria extinguir o ministério do Meio Ambiente, mas acabou voltando atrás.