Problema troca de lugar
Mais de 2,8 mil médicos desfalcam o ‘Saúde da Família’ e vão para o ‘Mais Médicos’
Em reunião ontem, em Brasília, o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, afirmou que, pelo menos, 2.844 profissionais que se inscreveram no edital do ‘Mais Médicos’ para substituir os colegas cubanos desfalcaram outra importante iniciativa, o Saúde da Família. Para ele, o novo edital só está “trocando o problema de lugar”.
“Se o médico sai de um serviço do SUS para atender em outro, o município de origem fica desassistido”, disse.
Por mês, em média, um médico da Estratégia Saúde da Família ganha R$ 8.750, enquanto no ‘Mais Médicos’ o valor pago ao profissional é de R$ 11.865, com menos descontos. Além do mais, no ‘Mais Médicos’, o pagamento vem da União, mais estável do que o que vem das Prefeituras, caso do ‘Saúde da Família’. O trabalho, na prática, é semelhante nos dois programas.
Em Minas Gerais, 420 médicos deixaram cargos nas Prefeituras para aderir ao ‘Mais Médicos’ em outras cidades mineiras ou fora do estado.
FORMAÇÂO
Junqueira também revelou durante a reunião apreensão com a demora na apresentação dos profissionais nas cidades em que se inscreveram para trabalhar. “Sei que ainda estamos nos primeiros dias nesse processo de homologação das vagas, mas é preciso que isso se intensifique, porque o paciente lá na ponta do sistema já está sem atendimento”.
Segundo o Ministério da Saúde, 8.366 profissionais já estão confirmados nos municípios e validados para atuação imediata, o que representa mais de 98% das vagas oferecidas pelo edital de substituição dos cubanos. As inscrições seguem até o dia 7 de dezembro. Segundo os municípios, no entanto, apenas 1.644 médicos - menos de 20% - se apresentaram para trabalhar. A data limite para a apresentação local é 14 de dezembro.
O secretário executivo do Conassem, Jurandi Frutuoso, disse, durante a reunião, que é importante debater a formação dos médicos no Brasil. “Saúde da família não é prioridade nas disciplinas durante o curso e temos um número baixíssimo de residências médicas com essa especialização”.