O Dia

Câmara libera gasto de prefeitos com pessoal

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Deputados federais aprovaram ontem um projeto de lei que atende a um velho pleito de prefeitos com dificuldad­es de caixa, mas torna mais fácil para as gestões municipais gastarem recursos públicos de forma irresponsá­vel e deixar a conta para os sucessores. As novas normas alteram limites de gastos impostos pela Lei de Responsabi­lidade Fiscal. Pela lei vigente, os prefeitos podem gastar, no máximo, 60% da receita corrente líquida do município com pagamento de pessoal. O projeto permite que, em caso de queda de receita superior a 10%, o gasto além do limite seja liberado.

Nas regras atuais, a Prefeitura que passa do limite por oito meses fica impedido de receber transferên­cias voluntária­s, obter garantia do governo do estado ou da União para financiame­ntos ou contratar operações de crédito enquanto não se adequarem.

Como o projeto já foi aprovado pelo Senado, o texto seguirá agora para sanção do presidente Michel Temer. Na Câmara, foram 300 votos favoráveis, 46 contrários e 5 abstenções. Apenas PSDB e PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, orientaram contra a aprovação. A proposta, no entanto, tem amplo apoio entre políticos locais, pouco preocupado­s com a saúde dos cofres municipais a longo prazo.

Assim como o próprio caixa da União e o de muitos estados - o caso mais grave é o Rio de Janeiro, mas não o único - municípios em todo o país vivem uma situação financeira difícil, o que tem provocado atrasos de salário e redução de serviços públicos, inclusive nas áreas da Saúde e da Educação.

Segundo levantamen­to da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a situação em 1.872 dos 5.570 municípios é de total dependênci­a das transferên­cias de estados e da União para bancar a máquina pública, por conta da incapacida­de de gerar receitas próprias.

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