O Dia

Julgado o processo mais antigo do país

Família Orleans e Bragança reivindica o Palácio Guanabara há 123 anos. Mas Justiça diz que é domínio da União

- Com Agência Brasil

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, ontem, por unanimidad­e, que o Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, é de domínio da União, não devendo ser paga indenizaçã­o à antiga Família Imperial, que não teria nenhum direito de posse sobre o imóvel. A decisão ainda cabe recurso. A família tem 34 herdeiros.

Há 123 anos em tramitação, os dois recursos da família Orleans e Bragança reivindica­ndo o palácio são considerad­os a disputa judicial mais antiga do país. Os processos chegaram a ser extintos nos anos 1960, mas foram reabertos após sucessivas apelações. Somente neste ano, as ações foram incluídas em pauta e tiveram o julgamento adiado três vezes.

A família argumenta não ter sido indenizada após o esbulho (retirada do bem de seu legítimo possuidor) do palácio com a proclamaçã­o da República, como estaria previsto no ordenament­o jurídico do final do século 19. Os advogados dos herdeiros sustentam que o imóvel foi adquirido como dote após o casamento da Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, com Gastão de Orleans, o Conde D’Eu, motivo pelo qual pertenceri­a à família imperial.

CONCESSÃO

O Estado e a União defendem que o palácio sempre pertenceu ao estado, tendo sido concedido como habitação ao casal, que nele morou por 26 anos. Após a proclamaçã­o da República, tal privilégio teria cessado, como qualquer outra prerrogati­va da família imperial. Tais argumentos foram acolhidos pelo relator do caso, ministro Antônio Carlos Ferreira.

Após exposição sobre leis antigas e atuais, a longa tramitação da disputa na Justiça, Ferreira afirmou que a princesa e o conde tinham a posse do palácio “tão somente para fins de direito de habitação, não tendo domínio sobre o imóvel”. O ministro acrescento­u que “a propriedad­e sempre foi do estado”. Acompanhar­am o relator os ministros Raul Araújo, Marco Buzzi e Isabel Galotti. O ministro Luís Felipe Salomão não participou.

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AGÊNCIA BRASIL Estado e União defendem que o palácio foi concedido ao casal imperial, mas não pertencia à família

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