Por todo o país aumenta a frequência de apresentações de sambistas cariocas de um jeito mais informal, as rodas
OBrasil inteiro vê o Rio como referência quando o assunto é batuque. Nas últimas décadas, nomes de escolas de samba daqui foram levados para as agremiações paulistas, bares com essa temática foram criados país afora e shows de sambistas cariocas são cada vez mais aclamados além das fronteiras fluminenses. O último movimento desse culto é a exportação de rodas de samba. São Paulo é o principal destino, mas há vários outros estados onde as rodas são solicitadas. Além do território paulista, o Samba do Trabalhador, um dos grupos pioneiros nesse movimento, já tocou em Minas Gerais, Pará, Brasília, Rio Grande do Sul, Maranhão, Amazonas, entre outros.
Em São Paulo, a receptividade foi tanta que Moacyr Luz, o idealizador do Samba do Trabalhador, decidiu gravar o último DVD do grupo por lá, no Bar Pirajá. “A diferença é que o público paulista escuta o disco todo, até as composições menos conhecidas eles cantam”, destaca Moacyr.
Já para Alisson Martins, que integra a Festa da Raça, roda que nasceu no Centro do Rio e se apresenta frequentemente em espaços paulistas, o público de lá se arrisca mais no salão. “Eles dançam, enquanto aqui o público é mais chegado a cantar e acompanhar na palma da mão”, compara.
Sediada em Realengo e marcada pela tradição, a roda Terreiro de Crioulo é outra a circular pelo Brasil. Para Renata Nerys, produtora do grupo, essa movimentação confirma que o Rio é tido por todos como o berço do samba. Além disso, é um reconhecimento à atualização desse tipo de evento.
PRODUÇÃO ATRAI PÚBLICO
“Antes, as rodas eram excelentes, mas feitas no espaço de uma casa, em locais desconhecidos, de difícil acesso. Hoje são produzidas para receber um público maior”, diz Renata.
Nesse tipo de encontro, os sambistas são altamente profissionais, a qualidade do som é boa e isso atrai um público mais jovem, muitas vezes gente que nem gostava tanto de samba. A preocupação com as raízes, no entanto, continua.
O Terreiro de Crioulo se associou com outra roda carioca, o Galocantô, para realizar em São Paulo o evento “Grande Encontro”, que tem sempre um convidado. Na roda que rolou ontem, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro, lotada, o grupo Fundo de Quintal era a atração extra.
A caçula desse movimento é a roda Samba que Elas Querem, formada somente por mulheres, e que em suas apresentações dá ênfase à divulgação do feminismo. Nascido há dois anos, o grupo está prestes a fazer a primeira apresentação em São Paulo. “É bom trocar experiências, conhecer outros públicos”, afirma Cecília Cruz, uma das integrantes. Criado há 13 anos, por Moacyr Luz, o Samba do Trabalhador lota o Clube Renascença, às segundas-feiras, e já foi há vários estados. O último DVD (foto) foi gravado em São Paulo