O Dia

Por todo o país aumenta a frequência de apresentaç­ões de sambistas cariocas de um jeito mais informal, as rodas

- FRANCISCO ALVES FILHO chico.alves@odia.com.br

OBrasil inteiro vê o Rio como referência quando o assunto é batuque. Nas últimas décadas, nomes de escolas de samba daqui foram levados para as agremiaçõe­s paulistas, bares com essa temática foram criados país afora e shows de sambistas cariocas são cada vez mais aclamados além das fronteiras fluminense­s. O último movimento desse culto é a exportação de rodas de samba. São Paulo é o principal destino, mas há vários outros estados onde as rodas são solicitada­s. Além do território paulista, o Samba do Trabalhado­r, um dos grupos pioneiros nesse movimento, já tocou em Minas Gerais, Pará, Brasília, Rio Grande do Sul, Maranhão, Amazonas, entre outros.

Em São Paulo, a receptivid­ade foi tanta que Moacyr Luz, o idealizado­r do Samba do Trabalhado­r, decidiu gravar o último DVD do grupo por lá, no Bar Pirajá. “A diferença é que o público paulista escuta o disco todo, até as composiçõe­s menos conhecidas eles cantam”, destaca Moacyr.

Já para Alisson Martins, que integra a Festa da Raça, roda que nasceu no Centro do Rio e se apresenta frequentem­ente em espaços paulistas, o público de lá se arrisca mais no salão. “Eles dançam, enquanto aqui o público é mais chegado a cantar e acompanhar na palma da mão”, compara.

Sediada em Realengo e marcada pela tradição, a roda Terreiro de Crioulo é outra a circular pelo Brasil. Para Renata Nerys, produtora do grupo, essa movimentaç­ão confirma que o Rio é tido por todos como o berço do samba. Além disso, é um reconhecim­ento à atualizaçã­o desse tipo de evento.

PRODUÇÃO ATRAI PÚBLICO

“Antes, as rodas eram excelentes, mas feitas no espaço de uma casa, em locais desconheci­dos, de difícil acesso. Hoje são produzidas para receber um público maior”, diz Renata.

Nesse tipo de encontro, os sambistas são altamente profission­ais, a qualidade do som é boa e isso atrai um público mais jovem, muitas vezes gente que nem gostava tanto de samba. A preocupaçã­o com as raízes, no entanto, continua.

O Terreiro de Crioulo se associou com outra roda carioca, o Galocantô, para realizar em São Paulo o evento “Grande Encontro”, que tem sempre um convidado. Na roda que rolou ontem, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro, lotada, o grupo Fundo de Quintal era a atração extra.

A caçula desse movimento é a roda Samba que Elas Querem, formada somente por mulheres, e que em suas apresentaç­ões dá ênfase à divulgação do feminismo. Nascido há dois anos, o grupo está prestes a fazer a primeira apresentaç­ão em São Paulo. “É bom trocar experiênci­as, conhecer outros públicos”, afirma Cecília Cruz, uma das integrante­s. Criado há 13 anos, por Moacyr Luz, o Samba do Trabalhado­r lota o Clube Renascença, às segundas-feiras, e já foi há vários estados. O último DVD (foto) foi gravado em São Paulo

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REPRODUÇÃO MOACYR LUZ, compositor e cantor
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