‘O palhaço faz parte da essência da vida’
O ator Diogo Cardoso fala de peça inspirada em apresentações de dupla de palhaços em hospitais e montada pelo Grupo Roda Gigante outra linguagem no coletivo, uma linguagem mais corporal, real, sem o trejeito e os jogos que estávamos acostumados a fazer. Então, o desejo do espetáculo nasceu desse encontro com ela. Como não sabíamos exatamente o que ia ser esse trabalho, de onde surgiriam as cenas, o contexto, resolvemos trabalhar isso, sobre o que não sabíamos”, afirma ele.
Ainda segundo o artista, a rotina nessas instituições de saúde é dura e muito fragilizada pela falta de estrutura e pelo sistema falido. “As crianças muitas vezes ficam à mercê da sorte. Os palhaços interrompem esse fluxo cotidiano e criam uma nova possibilidade do mesmo ser diferente. As histórias são muitas, cada um tem a sua”, confessa o ator, que forma o Grupo Roda Gigante ao lado de Cristiana Brasil, Eber Inácio, Florência Santangelo, Kadu Garcia e Marcos Camelo.
GRUPO RODA GIGANTE
O ‘Sobre O Que Não Sabemos’, que é uma comemoração dos 10 anos do grupo, é o terceiro espetáculo do Roda Gigante originado no processo pesquisa-encenação, que já virou uma marca registrada do coletivo. Mas por que a palhaçaria? “É necessário estabelecer ferramentas na sociedade que possibilitem a transgressão do cotidiano, as inversões de papéis, o questionamento dos valores, das relações. A função do palhaço não vem de hoje, existem manifestações desde a Idade Média, quando o papel do riso e da transgressão se estabelecia pelo papel do Bobo da Corte. O palhaço faz parte da essência da vida”, defende.
Para 2019, os planos do Grupo Roda Gigante é dar continuidade ao trabalho nos hospitais, viajar o quanto puder com o espetáculo e pensar também em uma nova montagem. “Está surgindo também um convite bacana com uma instituição para fazermos um projeto de formação. Não posso adiantar muito porque é um projeto bem embrionário ainda. Mas é isso, projetar cada vez mais esse coletivo, pois me parece que teremos anos mais difíceis para a cultura”, destaca.