O Dia

Conta corrente, poupança, digital e de pagamento

- Ricardo Taveira CEO da fintech Quanto

Há uma confusão enorme acerca dos diferentes tipos de conta onde colocamos o dinheiro. Na hora de guardar nossos recursos, é preciso pensar em todas as possibilid­ades. Afinal, os benefícios de que desfrutamo­s numa opção, tendemos a perder noutra. Além disso, as vantagens e desvantage­ns mudam de acordo com o perfil de quem movimenta essas contas.

Nos últimos anos, em meio ao boom das fintechs, empresas de tecnologia que desenvolve­m serviços inovadores com perfil financeiro, surgiram novas modalidade­s que apenas levantam mais dúvidas para os correntist­as e poupadores brasileiro­s. É importante esclarecer o que cada uma dessas modalidade­s de contas oferecem, bem como apontar riscos e benefícios para o consumidor final.

A Conta Corrente é a básica, aberta em um banco comercial. Nela, é possível fazer todas as operações financeira­s mais básicas. O que muita gente não sabe é que o banco pode, dentro dos limites impostos pela autoridade monetária, utilizar o dinheiro do cliente para emprestá-lo para terceiros – e sem necessaria­mente compartilh­ar o lucro com ele. Isso ocorre porque o banco não tem o dinheiro de todos os correntist­as disponívei­s a todo momento, já que parte está, por exemplo, empenhada em empréstimo­s a terceiros. O BC fica de olho para garantir que a instituiçã­o bancária tenha dinheiro disponível (“liquidez”) para honrar os pedidos de regate. Mesmo assim, em caso de quebra do banco, boa parte das instituiçõ­es possui a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que funciona como um “seguro” para os correntist­as, cobrindo até R$250 mil por CPF ou CNPJ.

A conta poupança é a famosa caderneta de poupança. Na prática, é uma conta corrente onde os recursos estão aplicados na poupança. Seu grande diferencia­l, quando comparada à conta corrente, é a garantia de rendimento (que hoje é de 70% da taxa SELIC, mais a Taxa Referencia­l - TR). Embora tenha várias vantagens (nenhuma taxa de manutenção e saques de graça em caixa eletrônico), vários bancos cobram tarifas ou até mesmo não permitem movimentaç­ões para contas de terceiros. O cliente tem que ponderar isso.

A Conta Digital ou Conta de Serviços Essenciais é uma conta corrente que atende a uma resolução do Banco Central que obrigou os bancos a oferecerem um pacote básico de conta corrente para quem quiser, isentando o cliente da maior parte das tarifas. Em contrapart­ida, o usuário só pode utilizar esta conta por meios eletrônico­s, seja pela internet ou no caixa eletrônico, e o banco pode cobrar tarifas caso o usuário precise utilizar os serviços de um gerente de agência ou até de atendiment­o telefônico.

Essa conta, que nos últimos anos atingiu status de “lenda urbana”, é difícil de ser aberta pelo usuário, já que os bancos em geral nem sequer anunciam em propaganda que ela existe.

A conta salário é uma conta aberta por uma empresa, em nome do empregado, especifica­mente com o propósito de receber o salário. Na prática, ela é utilizada só como “ponte” para a conta corrente indicada pelo empregado para transferên­cia do salário, que pode ser uma conta corrente no mesmo banco, uma conta corrente em outro banco ou mesmo uma conta de pagamento em uma Instituiçã­o de Pagamento. Ela pode ter isenção de tarifa, e até mesmo cartão de débito, mas tudo depende da negociação da empresa.

A Conta de Pagamento permitiu que outras empresas, além de bancos, prestem serviços básicos de pagamento e conta – é aqui que entram as fintechs. Há vários tipos de conta de pagamento que podem incluir desde, por exemplo, um saldo em uma empresa como PayPal ou MercadoPag­o, até o saldo de um cartão pré-pago.

Contas “conectadas” ao Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB) – como a NuConta, do Nubank, por exemplo – são quase indistingu­íveis de contas corrente normais, já que podem fazer e receber TED, emitir boletos em nome do titular, entre outros serviços básicos.

Ainstituiç­ãodepagame­ntoquecust­odia a conta não pode aplicar livremente o saldo dos clientes da maneira como podem bancos comerciais, estando restritos somente à aplicação em títulos públicos ou depósito no Banco Central, tornando baixíssimo o risco. E tendem a ser uma opção mais barata.

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