OFENSIVA CONTRA A MILÍCIA
Motivo do crime teria sido a grilagem de terra. Ontem fez nove meses do assassinado da vereadora
Secretário de Segurança Pública, Richard Nunes disse ontem que a vereadora Marielle Franco foi assassinada por milicianos porque ela teria prejudicado atividades de grilagem de terras. Vereador MarcelLo Siciliano prestou depoimento de quatro horas sobre acusações de grilagem e negou relação com a morte de Marielle. Deputado Marcelo Freixo deu entrevista para dizer que não acredita nessa versão e pediu provas.
Milicianos teriam matado a vereadora Marielle Franco, em um crime planejado desde 2017, por acreditarem que a parlamentar poderia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na Zona Oeste do Rio. A informação foi dada pelo secretário de Segurança Pública, general Richard Nunes, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Para Richard Nunes, os criminosos superestimaram o papel que a vereadora poderia desempenhar. “Ela estava lidando em determinada área do Rio controlada por milicianos, onde interesses econômicos de toda ordem são colocados em jogo. No momento em que determinada liderança política, membro do Legislativo, começa a questionar as relações que se estabelecem naquela comunidade, afeta os interesses daqueles grupos criminosos”, disse o general.
Segundo ele, a investigação busca coletar e cruzar dados em um quadro de deficiência estrutural grande. O general afirmou que foram colhidos centenas de depoimentos sobre o caso, que conta com 19 volumes de investigação. “O erro que a gente não pode cometer não é deixar de anunciar até 31 de dezembro. O erro é anunciar precipitadamente e essas pessoas virem a ser inocentadas por um inquérito mal concluído”, defendeu.
Para o secretário, o movimento para federalizar a
General afirmou que assassinato da vereadora já vinha sendo planejado desde 2017
investigação não tem qualquer fundamento. “O que há é muita especulação. Houve essa sugestão (a federalização) sob a suspeita de que a Polícia Civil não estaria fazendo trabalho isento. Não tem fundamento. Temos de ter muito cuidado em não dar voz a criminosos que se encontram presos e colocam em xeque o processo de investigação”, argumentou o general, se referindo ao miliciano Orlando de Araújo, o Orlando de Curicica.
BUSCA E APREENSÃO
Na manhã de ontem, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e o Ministério Público do Rio (MPRJ) cumpriram seis mandados de busca e apreensão em endereços do vereador Marcello Siciliano (PHS). A ação ocorreu após investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) sobre grilagem de terras e construções irregulares na Zona Oeste.
A polícia esteve na casa do parlamentar, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, no gabinete na Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia. Siciliano não foi encontrado em casa, mas sua mulher, Verônica Barbosa Garrido, estava no apartamento e foi conduzida à Cidade da Polícia para prestar depoimento. Ao tomar conhecimento da operação, o vereador também foi ao local prestar esclarecimentos.
Na casa do vereador, os agentes precisaram quebrar uma parede para apreender um cofre que ninguém conseguiu abrir no local. Também foram levados um tablet, um computador, docu-
Ela estava lidando em área do Rio controlada por milicianos, onde interesses econômicos são colocados em jogo RICHARD NUNES, secretário de Segurança
Eu não sou criminoso, não sou bandido. Estou muito triste e envergonhado com essa situação a meu respeito. Vou lutar até o final MARCELLO SICILIANO, vereador
mentos e arquivos de mídia como HD externo e CD na residência de Siciliano.
Os agentes da Polícia Civil e do MPRJ também estiveram na Câmara de Vereadores. Como o gabinete de Siciliano estava fechado, a porta foi arrombada. Foram apreendidos um CPU, um tablet, um HD externo e um computador. Em seguida, o local foi lacrado.
Siciliano se disse revoltado com a ação. “Depois de nove meses inventaram uma operação pela Delegacia do Meio Ambiente para tentar me incriminar. Eu não sou criminoso, não sou bandido. Estou muito triste e envergonhado com essa situação toda errada ao meu respeito. Vou lutar até o final”, garantiu.