O Dia

Cabral é denunciado por corrupção ativa

Ex-governador é acusado pelo Ministério Público Federal de distribuir propina e lotear cargos no governo

- WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Oex-governador Sérgio Cabral, dez deputados estaduais de diversos partidos, ex-secretário­s de estado, ex-presidente­s do Detran e assessores parlamenta­res estão entre os 29 denunciado­s pelo Ministério Público Federal (MPF) por organizaçã­o criminosa e corrupção ativa e passiva, no âmbito da Operação Furna da Onça.

O procurador federal Carlos Aguiar destacou que, diferente das outras tantas denúncias contra Cabral, na distribuíd­a ontem à Justiça Federal, o ex-governador aparece como o agente corruptor. “O Cabral costumava cometer corrupção passiva. Ele ganhava propina das empreiteir­as e da Fetranspor. Aqui, a propina veio do próprio governo do estado”, disse. Cabral foi denunciado por corrupção ativa e por ter cooptado os deputados estaduais que passaram a integrar a organizaçã­o criminosa.

E Cabral não economizav­a. Entre 2011, quando iniciou o seu segundo mandato, e abril de 2014, quando renunciou em favor de seu vice, Luiz Fernando Pezão (que também está preso), o ex-governador pagou cerca de R$ 2 milhões em propina para a Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj). Foram R$ 75 milhões em 40 meses. O procurador explicou que os ex-presidente­s da Alerj, Paulo Melo, que recebeu R$ 30 milhões no período, e Jorge Picciani, que mesmo sem cargo público foi agraciado com R$ 15,7 milhões, ganharam mais porque eram encarregad­os de distribuir o dinheiro sujo da corrupção entre os outros parlamenta­res, que não são os denunciado­s (Veja o gráfico ao lado).

Os membros do MPF destacaram também o fato da organizaçã­o criminosa (Orcrim) transforma­r empregos públicos em moeda de troca. “Além de pagar o mensalinho, que é a propina em dinheiro, de modo recorrente e com valores fixos, outra contrapart­ida do governo para manter o esquema era o loteamento de cargos”, revelou o procurador Aguiar.

Cada deputado contava com feudo próprio, que normalment­e era onde o parlamenta­r recebia mais votos. E pelo acordo firmado, cargos terceiriza­dos de qualquer órgão do Poder Executivo, seja uma delegacia de polícia ou um posto de saúde, instalado na região que “pertencia” ao deputado que integrava a Orcrim, só poderia ser preenchido por pessoa indicada pelo político.

Com os cargos ocupados por pessoas de sua confiança, os deputados acusados de corrupção, segundo o MPF, usavam os setores públicos com fins políticos e até criavam ambientes de corrupção. Os procurador­es salientara­m que a propina, seja através de dinheiro ou do loteamento dos cargos públicos, prosseguiu mesmo após o fim do governo Cabral. “Eles (os denunciado­s) são perigosos. É um grupo vocacionad­o a praticar crimes. A ideologia deles era a do dinheiro e do poder. Onde tinha dedo de deputado corrupto, o interesse da população não existia”, garantiu o procurador federal.

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ARQUIVO Além de Sérgio Cabral, MPF ofereceu denúncia contra outras 28 pessoas, entre deputados estaduais e assessores parlamenta­res
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