Ônibus das zonas Norte e Oeste vão parar de circular no Centro
Passageiros deverão desembarcar na Rodoviária, Central e Candelária para usar o VLT, sem pagar mais.
Apartir da semana que vem, as linhas de ônibus municipais do Rio, que vêm das zonas Norte e Oeste, não irão mais circular pelo Centro. Elas serão substituídas pelo VLT Carioca — incluindo a Linha 3 (Central - Santos Dumont via Marechal Floriano) —, anunciada para começar a circular também na próxima semana, porém sem data definida.
De acordo com o município, o tempo de deslocamento dos usuários nesta reestruturação do sistema de transporte, será reduzido em 20% na região do Centro. A prefeitura, no entanto, não deu muitos detalhes sobre quantas linhas serão impactadas por exemplo. E a concessionária VLT Carioca, até ontem, não havia sido informada sobre a inauguração da Linha 3.
O prefeito Marcelo Crivella garante que essa mudança não vai trazer mais gastos ao passageiro, pois o transbordo do ônibus para o VLT está incluído na política de integração do Bilhete Único Carioca. O usuário pode pegar até dois ônibus e o VLT, no período de 2h30, e pagar apenas uma tarifa. Além disso, o passageiro
Com o Bilhete Único Carioca, passageiro pode pegar ônibus e VLT com uma tarifa no intervalo de 2h30
não paga quando faz transferência entre linhas ou nova viagem no mesmo sentido no período de 1h. A passagem do VLT custa R$ 3,80.
SEGUNDA ETAPA
As linhas que chegam ao Centro pela Zona Sul sofrerão mudanças em uma próxima fase, sem data definida. E as linhas de ônibus intermunicipais não terão modificações neste momento. “As alterações nos itinerários destas linhas já estavam previstas desde o início da implantação do VLT, que está concluindo seu projeto original e estará totalmente estabelecido na cidade”, destacou Crivella.
Embora o discurso do município seja no sentido de que o VLT foi criado para substituir as linhas de ônibus que circulam pelo Centro, essa reestruturação pegou muita gente de surpresa, como o vice-presidente da Comissão de Transportes da Câmara, o vereador Marceli- no D’Almeida (PP), que disse desconhecer a nova proposta do Executivo.
O corretor Rogério Clau- dino, de 40 anos, acredita que a proposta de Crivella não vai melhorar a questão de mobilidade. “Tudo mu- dou na cidade, mas o gargalo do sistema de transporte não foi resolvido”. Para a agente comunitária Elaine Aureliano, 31, que é moradora da Região Central, o modal já foi mais confortável. “Nos últimos seis meses o VLT lotou muito, deixou de ser passeio para turista curtir a passagem”, relatou a usuária.
Para Paulo José Braga, de 38 anos, que vem de Piedade para o Centro, o VLT “atende muito bem”. Ele pega o trem na estação da Zona Norte, salta na Central e utiliza o VLT para chegar ao trabalho, na Rua Almirante Barroso. “Se eu tivesse o imposto do município nas mãos, o investiria no VLT e tiraria recursos das linhas de ônibus”.
Por dia, segundo a prefeitura, o VLT Carioca transporta de 60 mil a 80 mil passageiros. Com a retirada das linhas de ônibus do Centro, o município estima que mais 100 mil pessoas utilizem o transporte por dia. O previsto, com o sistema todo em funcionamento, é de 265 mil passageiros diariamente.
Segundo Crivella, a reestruturação do sistema é um estudo minucioso da Secretaria Municipal de Transportes e da Procuradoria Geral do Município, que levou em consideração os interesses dos usuários do sistema. A prefeitura destacou ainda que a cidade se tornará mais amiga do pedestre, mencionando grandes centros do mundo, que suspenderam a circulação de ônibus na área central, como Paris, Bourdeaux e Amsterdã, onde há predominância do VLT.