EMAILS COMPROVAM QUE EMPRESA CONHECIA OS PROBLEMAS NOS SENSORES DA BARRAGEM DE BRUMADINHO.
Leitura de dados preocupantes foram relatados por engenheiros
A Polícia Federal identificou em e-mails trocados por funcionários da Vale e da consultoria alemã Tüv Süd que a empresa tinha conhecimento de problemas com sensores da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) dois dias antes do rompimento que matou, segundo a atualização de ontem, 150 pessoas, com 182 desaparecidos. As informações constam do depoimento do engenheiro Makoto Namba, coordenador de projetos da empresa Tüv Süd.
Namba e outro engenheiro, André Yassuda, foram presos quatro dias depois do estouro da barragem. Na terça, o Superior Tribunal de Justiça mandou soltá-los. Segundo a PF, as mensagens foram endereçadas a executivos da Vale nos dias 23 e 24 de janeiro e indicavam “dados discrepantes obtidos através da leitura dos instrumentos automatizados” em 10 de janeiro de 2019.
A PF questionou o engenheiro “qual seria sua providência caso seu filho estivesse trabalhando no local da barragem”. “Respondeu que após a confirmação das leituras, ligaria imediatamente para seu filho para que evacuasse do local bem como que ligaria para o setor de emergência da Vale responsável pelo acionamento do PAEBM (Plano de Ação de Emergência para Barragens) para as providências cabíveis”, disse Makoto Namba.
O engenheiro assinou a declaração de estabilidade da barragem em stembro de 2018, mas disse ter se sentido pressionado. Ele relatou que um funcionário da Vale, Alexandre Campanha, perguntou em uma reunião: “A Tüv Süd vai assinar ou não?”. E respondeu: “A Tüv Süd irá assinar se a Vale adotar as recomendações indicadas”.
A Vale disse que “se absterá de fazer comentários sobre particularidades das investigações”.