O Dia

Governo quer utilizar ‘drogômetro’ em motoristas

Exame detecta até oito tipos de drogas de uma vez para reduzir os acidentes provocados sob efeito de substância­s psicoativa­s

- MARIA LUISA MELO maria.melo@odia.com.br

Secretaria nacional que combate as drogas planeja fazer blitz nas estradas com aparelhos que identifica­m consumo de entorpecen­tes, assim como o bafômetro aponta uso de álcool.

Motoristas que dirigem sob o efeito de drogas estão na mira da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. O órgão anunciou que, além do popular bafômetro, o governo vai implantar os drogômetro­s. São aparelhos que identifica­m se o condutor usou entorpecen­tes.

De acordo com a Senad, antecipada­s pelo jornal O Globo, quatro aparelhos com tecnologia estrangeir­a estão sendo testados, mas só um será adotado. A conclusão foi de que os quatro dispositiv­os têm confiabili­dade “dentro dos parâmetros recomendad­os internacio­nalmente” para detecção de cocaína. Para a maconha só um teve todos os critérios exigidos. O exame detecta até oito tipos de drogas e o objetivo é reduzir os acidentes provocados por motoristas que usam substância­s psicoativa­s.

A medida foi elogiada por cariocas. Para o motorista de transporte escolar Jackson Cicliano, 45 anos, o apoio da população é necessário. “Transporto crianças. Quem usa droga não pode colocar a segurança de outras pessoas em risco”.

O comerciant­e Arthur Roberto de Lemos Silva, 47, também apoiou. “A sociedade precisa ter bases seguras de como vai funcionar, para que ninguém saia injustiçad­o”, destacou.

A medida ainda está em fase de elaboração e, segundo o governo, ainda não há uma previsão de quando entrará em prática nas blitzes do país. Em outros países, como Austrália e EUA, a detecção se o motorista está ou não dirigindo sob efeito de drogas, é feita através da saliva. Ao ser abordado, o condutor coloca o cotonete na boca, por cerca de dois minutos, para colher a amostra. O material, então, é colocado em contato com um reagente, em tira de papel, que indica a presença ou não da droga. Cada droga é testada em uma região do papel, indicando resultado positivo ou negativo para cada uma delas.

Criador da Lei Seca, que em junho de 2008 modificou o Código de Trânsito Brasileiro e proibiu o consumo de álcool por condutores de veículos, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ) afirmou que a medida já está amparada pela legislação vigente.

“Antigament­e, era um processo demorado. Agora, é algo que dura em torno de dois ou três minutos. É um avanço que vai salvar vidas. Há três anos, temos o teste para detectar, através dos fios de cabelo, se os motoristas que buscam renovação de Habilitaçã­o nas categorias C, D e E, fizeram uso de droga nos últimos 90 dias. É o chamado exame toxicológi­co de larga janela”. O que se pretende com o drogômetro, explica, é o exame toxicológi­co de “curta janela”, com detecção instantâne­a. A abordagem será bem parecida com a da Lei Seca.

Assim como já acontece com relação ao bafômetro, a recusa do motorista em fazer o exame, explica Leal, pode ser considerad­a infração gravíssima. Além de pagar multa no valor de cerca de R$ 3 mil, o motorista pode ter a carteira de habilitaçã­o recolhida e seu direito de dirigir suspenso por um ano.

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FERNANDA DIAS/ AGêNCIA O DIA Jackson Cicliano aprovou: ‘transporto crianças, quero segurança’

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