Governo quer utilizar ‘drogômetro’ em motoristas
Exame detecta até oito tipos de drogas de uma vez para reduzir os acidentes provocados sob efeito de substâncias psicoativas
Secretaria nacional que combate as drogas planeja fazer blitz nas estradas com aparelhos que identificam consumo de entorpecentes, assim como o bafômetro aponta uso de álcool.
Motoristas que dirigem sob o efeito de drogas estão na mira da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. O órgão anunciou que, além do popular bafômetro, o governo vai implantar os drogômetros. São aparelhos que identificam se o condutor usou entorpecentes.
De acordo com a Senad, antecipadas pelo jornal O Globo, quatro aparelhos com tecnologia estrangeira estão sendo testados, mas só um será adotado. A conclusão foi de que os quatro dispositivos têm confiabilidade “dentro dos parâmetros recomendados internacionalmente” para detecção de cocaína. Para a maconha só um teve todos os critérios exigidos. O exame detecta até oito tipos de drogas e o objetivo é reduzir os acidentes provocados por motoristas que usam substâncias psicoativas.
A medida foi elogiada por cariocas. Para o motorista de transporte escolar Jackson Cicliano, 45 anos, o apoio da população é necessário. “Transporto crianças. Quem usa droga não pode colocar a segurança de outras pessoas em risco”.
O comerciante Arthur Roberto de Lemos Silva, 47, também apoiou. “A sociedade precisa ter bases seguras de como vai funcionar, para que ninguém saia injustiçado”, destacou.
A medida ainda está em fase de elaboração e, segundo o governo, ainda não há uma previsão de quando entrará em prática nas blitzes do país. Em outros países, como Austrália e EUA, a detecção se o motorista está ou não dirigindo sob efeito de drogas, é feita através da saliva. Ao ser abordado, o condutor coloca o cotonete na boca, por cerca de dois minutos, para colher a amostra. O material, então, é colocado em contato com um reagente, em tira de papel, que indica a presença ou não da droga. Cada droga é testada em uma região do papel, indicando resultado positivo ou negativo para cada uma delas.
Criador da Lei Seca, que em junho de 2008 modificou o Código de Trânsito Brasileiro e proibiu o consumo de álcool por condutores de veículos, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ) afirmou que a medida já está amparada pela legislação vigente.
“Antigamente, era um processo demorado. Agora, é algo que dura em torno de dois ou três minutos. É um avanço que vai salvar vidas. Há três anos, temos o teste para detectar, através dos fios de cabelo, se os motoristas que buscam renovação de Habilitação nas categorias C, D e E, fizeram uso de droga nos últimos 90 dias. É o chamado exame toxicológico de larga janela”. O que se pretende com o drogômetro, explica, é o exame toxicológico de “curta janela”, com detecção instantânea. A abordagem será bem parecida com a da Lei Seca.
Assim como já acontece com relação ao bafômetro, a recusa do motorista em fazer o exame, explica Leal, pode ser considerada infração gravíssima. Além de pagar multa no valor de cerca de R$ 3 mil, o motorista pode ter a carteira de habilitação recolhida e seu direito de dirigir suspenso por um ano.