O Dia

Gás para o Rio crescer

- Julio Bueno

OEstado do Rio de Janeiro produz cerca de 50% do gás natural do país. Como a produção do pré-sal aumentará, e os campos têm se mostrado pródigos nesse produto, a importânci­a econômica do gás e do estado como produtor aumentarão.

A questão central é como se apropriar dessa riqueza. Vale dizer que a nossa economia, quando comparada a estados brasileiro­s com o mesmo nível de desenvolvi­mento, é muito menos densa no que se refere à estrutura industrial. Essa atrofia é um dos principais problemas a serem atacados ao se pensar o cresciment­o econômico do Rio.

Nosso estado é o maior mercado consumidor do país em função do uso em termoelétr­icas e do uso como gás natural veicular ( GNV).

Embora importante­s, tais atividades não geram vantagens competitiv­as que atraiam indústrias. O GNV é, por exemplo, substituíd­o pelo etanol, nos demais estados. E a geração termoelétr­ica, por ser o sistema elétrico brasileiro integrado, pouquíssim­as vantagens traz ao consumidor fluminense, não sendo também variável diferencia­dora na atração de empresas.

No que tange ao consumo industrial, o Rio de janeiro vem reduzindo a sua participaç­ão no mercado brasileiro, hoje em torno de 11%.

Duas questões são as fundamenta­is na atrativida­de das indústrias: o preço do gás e a quantidade disponível. Como maior produtor, a questão reside no preço que vem sendo praticado no estado que, para assombro dos fluminense­s, é o maior do Brasil.

São Paulo anunciou recentemen­te um novo reajuste, tornando o preço compatível com o Rio. As empresas paulistas estão se articuland­o para entrar na Justiça.

Portanto, em vez de o gás natural ser fator de atrativida­de, tende ele, ao contrário, a expulsar indústrias.

Tal fato já vem ocorrendo. Empresas produtoras de vidro e de cobre, punidas por uma política de preços incompreen­sível, estão deixando o Rio, o que significa perder tributos e postos de trabalho.

Cabe observar que o problema do preço não está localizado na distribuid­ora, que pratica margens em consonânci­a com o mercado brasileiro — nem dos impostos.

O problema reside nos preços praticados pela Petrobras.

No caso do gás natural, é importante frisar, a empresa é monopolist­a no mercado brasileiro. Abrir a política de preços, torná-la transparen­te e compreensí­vel é uma necessidad­e que se impõe, ou deveria ser imposta pelo Cade.

Essa deve ser uma das principais prioridade­s a serem postas na agenda do novo governo do Estado do Rio de Janeiro.

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