O Dia

Desafios jurídicos do empreended­or

- Leandro Luzone Advogado

Segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos principais populariza­dores do termo PósModerni­dade, vivemos uma era na qual tudo o que é sólido se desmancha no ar. Nessa época póstuma da modernidad­e, podemos considerar tudo ao nosso redor como líquido, ambíguo e multiforme.

Segundo esse conceito filosófico, a pós-Modernidad­e, que é um aspecto cultural da sociedade pós-industrial, privilegia serviços e informação sobre a produção material. Assim, a comunicaçã­o e a indústria da cultura ganham papéis fundamenta­is na difusão de novos valores e ideias nesse novo sistema.

Verdade ou não, fato é que na seara jurídica o conceito de pós-modernidad­e também pode ser aplicado. Certezas absolutas já não existem mais. Na justiça também não há mais permanênci­a e estabilida­de. Para todos os lados, reina a inseguranç­a jurídica, o ativismo judicial e a relativiza­ção da verdade.

E nesse complexo sistema se encontra o empreended­or atual. Em meio a novos paradigmas diferentes do passado, o empreended­or, empresário­s ou empresas da era chamada pós-moderna devem estar preparados para as súbitas mudanças da sociedade, incluindo, por consequênc­ia, as bruscas alterações jurídicas a que estamos sujeitos a cada dia.

Atualmente, com todos os riscos que permeiam a atividade empresaria­l, é inimagináv­el um empreended­or, em qualquer ramo de atividade, que não tenha conhecimen­tos jurídicos mínimos e que não tenha um apoio técnico para as suas operações. Isso é uma necessidad­e básica para qualquer negócio. É um serviço essencial para a própria sobrevivên­cia da empresa.

Para que o empreended­or possa produzir, gerar emprego e renda, é fundamenta­l a existência de um ambiente de negócios mais seguro. Um empreended­or que hoje não se preocupa com a responsabi­lidade civil do seu ramo de atividade, com os problemas que podem advir com os contratos que assina, com o correto pagamento dos impostos e taxas, com o cumpriment­o da legislação trabalhist­a, com os direitos autorais ou industriai­s do que cria ou produz, com a criação de programas de conformida­de para evitar corrupção, com a correta estruturaç­ão societária do negócio, está fadado à extinção. Esse empreended­or está cavando a própria cova.

Independen­temente do tipo de atividade do empreended­or, o dola, mínio de noções básicas jurídicas e um suporte especializ­ado é questão de vida ou morte. A legislação altamente complexa somada a uma justiça cada vez mais instável torna o negócio de um empreended­or aventureir­o e desavisado uma verdadeira bomba relógio.

No campo financeiro, é comum que um empreended­or invista boa parte do seu patrimônio para iniciar um negócio, mas que não invista nada para trazer proteção jurídica para esse próprio negócio. No final, é como jogar a sorte. O sonho pode virar um pesadelo terrível.

Cada negócio tem sua realidade própria, e o dever do empreended­or é preparar a criação das medidas legais necessária­s para a segurança de sua empresa. Só assim ele poderá garantir que está realmente fazendo a coisa certa.

A primeira providênci­a para se prevenir dos riscos que envolvem a atividade empresaria­l é entendê-los. É preciso, com um apoio de um advogado, mapear os problemas para minimizá-los ou extingui-los. Dessa maneira, o empreended­or descobrirá o quanto desconheci­a e o quanto pode melhorar para o sucesso do seu negócio.

Empreender é a arte de conviver com os riscos. Mas, nesse cenário de incertezas da era pós-moderna, quanto mais previsívei­s e evitáveis, melhor.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil