Ofensiva contra o PCC
Chefes da facção, que planejavam fuga, vão para presídios federais
A pedido do promotor Lincoln Gakiya, 21 chefes do PCC, considerados por ele os “criminosos mais perigosos do estado”, foram transferidos ontem para presídios federais. De acordo com o Ministério Público do estado, havia um plano de resgate de integrantes do PCC que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Venceslau (SP). Os alvos do resgate seriam Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, cujas penas somam mais de 300 anos, e outros líderes da facção. O aeroporto de Presidente Venceslau fica a apenas dois quilômetros, cerca de seis minutos, da unidade prisional. A transferência teve, segundo Gakiya, a intenção de “isolar territorialmente” os líderes e evitar que o plano de fuga se cumpra.
O plano de resgate seria comandado por outro chefe do PCC, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como “Fuminho”. Ele fugiu da Casa de Detenção em 1999 e se estabeleceu na Bolívia, de onde enviava drogas e armas para Brasil, Europa, Ásia e África, por uma rota que passa pelo Paraguai, diz o documento do MP.
“A equipe que iria resgatar Marcola se dividiria em várias frentes, uma delas iria bloquear a Rodovia Raposo Tavares, a outra iria atacar a polícia militar e uma outra iria tentar impedir a decolagem do helicóptero Águia da PM do aeroporto de Presidente Prudente, que fica na região”, disse o MP. Os criminosos seriam levados para um aeroporto no norte do Paraná, de onde partiriam em outra aeronave para o Paraguai ou a Bolívia.
REFORÇO NOS PRESÍDIOS
Para auxiliar no isolamento pretendido pelo MP, o Ministério da Justiça publicou ontem, em edição extra do Diário Oficial, portaria que torna as regras para a visitação de presos nos presídios federais mais rígidas. As visitas ficarão restritas ao parlatório e à videoconferência, sob supervisão. Cônjuges, companheiros ficarão separados por um vidro.
O governo federal também autorizou o emprego das Forças Armadas para reforçar a segurança ao redor das penitenciárias federais de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO). Os presos ficarão 360 dias sob custódia federal. Os primeiros 60 dias em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
TEMOR DE RETALIAÇÃO
O governador de São Paulo, João Doria, garantiu que foram tomadas medidas preventivas para impedir a retaliação do PCC. A organização movimenta US$ 800 milhões por ano no Brasil, segundo o MP de São Paulo, e tem cerca de 30 mil membros. Em 2006, por conta da transferência de centenas de presos da facção, a reação do PCC provocou mais de 130 mortos em poucos dias, sendo 23 PMs.