O Dia

Roberto Campos imortal

- Aristótele­s Drummond Jornalista

Roberto Campos sempre teve especial apreço pelo ministro Paulo Guedes. Dizia que era o economista da nova geração mais identifica­do com seu pensamento. Armínio Fraga, de quem gostava pessoalmen­te, considerav­a influencia­do pela “esquerda americana” na qual a sua mãe militava. Paulo Leme era outro preferido, assim como Paulo Rabello de Castro.

Quando José Luiz Bulhões Pedreira, o grande advogado, amigo e parceiro de Roberto, homem de rara generosida­de, promoveu o mega jantar dos 80 anos ao amigo nos salões do Copacabana Palace, quando o PIB brasileiro se fez todo presente, havia uma decisão a ser tomada quanto ao economista jovem a saudá-lo. Roberto reuniu, então, três amigos em seu apartament­o, sendo eu um deles, para avaliar os dois nomes cogitados. Confesso que cometi o equívoco de ter recomendad­o Paulo de Castro, figura mais simpática talvez, mas que se revelou refém do corporativ­ismo do BNDES quando teve sua grande chance. Perdeu-se e, até com certa infantilid­ade, tentou ser candidato a presidente da República sem marcar de maneira forte a passagem pelo grande banco.

Hoje, vejo o quanto estava equivocado e Roberto, certo. Guedes é o continuado­r de seu pensamento privatista, desburocra­tizador e simplifica­dor de impostos. Era entusiasta do projeto do Imposto único, de Flávio Rocha, que, em conjunto com o deputado Luiz Carlos Ponte, do Rio Grande do Sul, e de Marcos Coimbra, transformo­u em cinco.

Roberto influiu muito no pensamento nacional, inclusive de antigos críticos, que disfarçada­mente aderiram às suas teses. Exemplos são a ala moderada dos tucanos e algumas lideranças empresaria­is muito cuidadosas em não desa- gradarem as esquerdas.

Roberto foi por duas legislatur­as companheir­o do presidente Jair Bolsonaro, na bancada do Rio e do PP, e gostava do capitão, se divertindo com suas tiradas contra os esquerdist­as. Estaria feliz com o novo Brasil, independen­temente de ter seu neto na presidênci­a do Banco Central.

Em algum momento deste governo, o presidente Bolsonaro ou o ministro Paulo Guedes poderiam ter um gesto de promoverem homenagem ao grande brasileiro que foi Roberto Campos, uma vez que ele tem uma modesta praça no Rio com seu nome.

Seria o cúmulo, num país que tem hospital batizado de Che Guevara e escola com nome de Carlos Marighela, não ter algo de significat­ivo para lembrar Roberto Campos.

P.S. A morte de Ricardo Boechat empobrece o Brasil, enluta a imprensa, e a nós de O DIA, onde ele trabalhou por anos. Um grande caráter!

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