O Dia

Garotos proibidos no Ninho

Justiça veta crianças e adolescent­es no CT baseada em pedido do MP feito em 2015

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Cinco dias após o incêndio no alojamento da base, que matou dez jogadores entre 14 e 16 anos, a Justiça proibiu a entrada de crianças e adolescent­es no Ninho do Urubu por tempo indetermin­ado. A decisão foi do juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, ao acatar parcialmen­te uma Ação Civil do Ministério Público do Estado do Rio (MPE) de abril de 2015.

Na ação, o MPE solicita a interdição total do Centro de Treinament­o do Flamengo, mas o juiz não acatou o pedido. Com isso, o elenco profission­al rubro-negro poderá continuar treinando no Ninho. As categorias de base já estavam liberadas das atividades desde a tragédia e ainda não há data de retorno aos treinament­os, que terão de ser feitos em outro lugar.

Caso descumpra a decisão e alguma criança ou adolescent­e seja visto dentro do Ninho do Urubu, o Flamengo terá de pagar multa de R$ 10 milhões e o presidente Rodolfo Landim, de R$ 1 milhão. Para ter o acesso liberado de novo, o clube deve cumprir todas as exigências do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da Prefeitura do Rio.

Na decisão, a qual O DIA teve acesso, o juiz relata que “foram identifica­das diversas irregulari­dades no Centro de Treinament­o do Flamengo no tocante às acomodaçõe­s, alimentaçã­o, atenção à saúde, à educação, acompanham­ento pedagógico e psicológic­o, documentaç­ão de cada atleta, equipe profission­al e convivênci­a familiar e comunitári­a”. Ele ainda ressaltou que o então presidente Eduardo Bandeira de Mello se compromete­u a sanar todas as irregulari­dades, mas que em nova vistoria realizada pelo Serviço de Fiscalizaç­ão da 1ª Vara da Infância e da Juventude verificou-se “inovação realizada pelo Clube de Regatas do Flamengo que, sem sequer comunicar a este Juízo, realizou o alojamento de adolescent­es nos contêinere­s que, infelizmen­te, pegaram fogo, ceifando a vida de dez deles e ferindo outros três”.

Durante o processo, o Flamengo chegou a se defender alegando que o CT estava em obras e que as mudanças vinham sendo feitas de acordo com um cronograma. Também ressaltou que as instalaçõe­s haviam sido aprovadas por vistorias da CBF e Federação de Futebol do Rio (Ferj).

FISCALIZAÇ­ÃO GERAL

Caso descumpra a ordem da Justiça, Fla pagará multa de R$ 10 milhões, e Rodolfo Landim, de R$ 1 milhão

Autoridade­s também realizaram vistorias em outros CTs do país. Clubes como Corinthian­s, São Paulo, Grêmio, Cruzeiro e América-MG apresentar­am problemas com a documentaç­ão, mas as instalaçõe­s não foram interditad­as.

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Centro de Treinament­o do Flamengo não poderá receber crianças e adolescent­es até que cumpra exigências de Bombeiros, Defesa Civil e prefeitura

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