Polêmica entre Carlos Bolsonaro e ministro Bebbiano abre crise no núcleo duro do governo
Vereador ganhou apoio do pai presidente em embate contra Gustavo Bebbiano
A disputa de espaços de poder que envolve os filhos do presidente Jair Bolsonaro de um lado, e políticos que se aproximaram do capitão, quando ele ainda era candidato do outro, chegou ao ápice ontem - pelo menos até o próximo capítulo. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC), caçula do clã Bolsonaro, escreveu no Twitter que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, mentiu ao dizer que falara na terça-feira com o presidente, quando ele ainda estava internado por três vezes. Bebianno, que está sob suspeitas de fraude eleitoral, queria mostrar que conta com a confiança do chefe. “Ontem, estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: ‘É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro”.
A publicação, acompanhada da imagem de matéria que citava as suspeitas que recaem sobre o ministro, foi seguida de outra postagem na qual uma gravação na qual um impaciente Jair Bolsonaro diz: “Gustavo, tá complicado eu conversar aí, então não vou falar com ninguém, apenas o estritamente essencial”.
À noite, o próprio Jair Bolsonaro retuitou as mensagens do filho, que é uma espécie de porta-voz extraoficial dele, agravando a situação de Bebbiano no governo.
LARANJAS
Em entrevista ao ‘Globo’, Bebianno havia negado ser motivo de instabilidade no governo após a repercussão de uma publicação da ‘Folha’ informando que o PSL, partido do presidente, teria financiado duas candidatura laranja no Pernambuco em outubro de 2018. Bebianno, advogado com pouca experiência política, era o presidente da sigla na época.
Bebianno teria sido responsável, junto com o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), pela liberação R$ 650 mil de verbas do Fundo Eleitoral para duas candidatas a deputada federal que tiveram, juntas, 1589 votos, mas repassaram para uma gráfica com endereço de fachada, R$ 430 mil.