Precisamos falar da saúde do trabalhador
Transtornos comportamentais e de saúde mental, que eram discutidos prioritariamente fora do ambiente de trabalho, agora estão na lista dos principais desafios das empresas. Mesmo que ainda embrionária na maior parte das companhias, a busca por iniciativas que possam capacitar lideranças para que identifiquem colaboradores suscetíveis aos problemas psíquicos e os ajudem na recuperação já é um avanço importante para promover o bem-estar físico e mental no ambiente de trabalho.
A Comissão Global da Organização Internacional de Saúde (OIT) sobre o Futuro do Trabalho pediu que empresas passem a valorizar mais a saúde do trabalhador e que considerem questões entendidas como grandes ameaças à saúde, como longas horas de trabalho, estresse e sedentarismo. No Brasil, desde 2018, as empresas são obrigadas a usarem o eSocial, programa do governo federal que registra informações de
empregados como férias e horas extras, além de riscos ergonômicos organizacionais e psicossociais. Mas o grande desafio tem sido ir além do reporte de informações básicas.
Mais do que compilar dados, é preciso um movimento para encorajar empregados a discutirem o tema sem medo de discriminação. Para isso, é
“É preciso um movimento para encorajar empregados a discutirem o tema sem medo de discriminação”
importante que os líderes estabeleçam uma relação de confiança com os funcionários, pois, às vezes, a necessidade de se afastar da função ou iniciar tratamentos psicológico ou psiquiátrico é erroneamente associada a “loucura” ou invalidez e esta ideia equivocada pode até impedir a procura por ajuda médica. Muique tas vezes sofrimentos psíquicos são causados por fatores externos como dívidas ou a perda de um ente querido e o trabalho pode ser uma terapia.
Algumas estratégias adotadas por grandes empresas têm gerado bons resultados e aproximado gestores de seus colaboradores. Um bom exemplo são as semanas temáticas promovidas ao longo do ano para estimular o debate sobre a saúde do trabalhador. Intervenções que incluem ações lúdicas, por meio do teatro, por exemplo, podem despertar mais atenção para o tema e aumentar o engajamento. Uma outra alternativa para formar laços entre a companhia e seus integrantes é organizar atividades que estejam vinculadas à participação dos familiares.
Além disso, é fundamental que as empresas também se apoiem na construção de metodologias que possam contribuir com melhorias no ambiente de trabalho. Neste sentido, o benchmarking tem sido uma ferramenta muito eficaz para compartilhar conhecimentos e estimular empresas a pensarem em ações que permitam conhecer melhor o perfil dos colaboradores e entender a realidade e as necessidades de cada um.