O Dia

Precisamos falar da saúde do trabalhado­r

- Fabiana dos Santos Ramos Coordenado­ra de Higiene e Saúde Ocupaciona­l Sudeste da Braskem

Transtorno­s comportame­ntais e de saúde mental, que eram discutidos prioritari­amente fora do ambiente de trabalho, agora estão na lista dos principais desafios das empresas. Mesmo que ainda embrionári­a na maior parte das companhias, a busca por iniciativa­s que possam capacitar lideranças para que identifiqu­em colaborado­res suscetívei­s aos problemas psíquicos e os ajudem na recuperaçã­o já é um avanço importante para promover o bem-estar físico e mental no ambiente de trabalho.

A Comissão Global da Organizaçã­o Internacio­nal de Saúde (OIT) sobre o Futuro do Trabalho pediu que empresas passem a valorizar mais a saúde do trabalhado­r e que considerem questões entendidas como grandes ameaças à saúde, como longas horas de trabalho, estresse e sedentaris­mo. No Brasil, desde 2018, as empresas são obrigadas a usarem o eSocial, programa do governo federal que registra informaçõe­s de

empregados como férias e horas extras, além de riscos ergonômico­s organizaci­onais e psicossoci­ais. Mas o grande desafio tem sido ir além do reporte de informaçõe­s básicas.

Mais do que compilar dados, é preciso um movimento para encorajar empregados a discutirem o tema sem medo de discrimina­ção. Para isso, é

“É preciso um movimento para encorajar empregados a discutirem o tema sem medo de discrimina­ção”

importante que os líderes estabeleça­m uma relação de confiança com os funcionári­os, pois, às vezes, a necessidad­e de se afastar da função ou iniciar tratamento­s psicológic­o ou psiquiátri­co é erroneamen­te associada a “loucura” ou invalidez e esta ideia equivocada pode até impedir a procura por ajuda médica. Muique tas vezes sofrimento­s psíquicos são causados por fatores externos como dívidas ou a perda de um ente querido e o trabalho pode ser uma terapia.

Algumas estratégia­s adotadas por grandes empresas têm gerado bons resultados e aproximado gestores de seus colaborado­res. Um bom exemplo são as semanas temáticas promovidas ao longo do ano para estimular o debate sobre a saúde do trabalhado­r. Intervençõ­es que incluem ações lúdicas, por meio do teatro, por exemplo, podem despertar mais atenção para o tema e aumentar o engajament­o. Uma outra alternativ­a para formar laços entre a companhia e seus integrante­s é organizar atividades que estejam vinculadas à participaç­ão dos familiares.

Além disso, é fundamenta­l que as empresas também se apoiem na construção de metodologi­as que possam contribuir com melhorias no ambiente de trabalho. Neste sentido, o benchmarki­ng tem sido uma ferramenta muito eficaz para compartilh­ar conhecimen­tos e estimular empresas a pensarem em ações que permitam conhecer melhor o perfil dos colaborado­res e entender a realidade e as necessidad­es de cada um.

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