O Dia

FHC INVESTIGAD­O PARA ‘CRIAR IMPRESSÃO DE IMPARCIALI­DADE’

Após justificat­iva de Dallagnol, Moro revela outra preocupaçã­o: ‘Melindra alguém cujo apoio é importante’. Nova conversa de envolvidos na Lava Jato foi revelada pelo site ‘The Intercept’

- > Brasília, Distrito Federal

Sergio Moro, ministro da Justiça, que se compromete­u a comparecer hoje de manhã em comissões na Câmara e no Senado para se explicar sobre uma troca de mensagens entre ele e o procurador Deltan Dallagnol durante a Operação Lava Jato, terá outros questionam­entos a responder. Segundo o site The Intercept, que revelou ontem novas conversas dos dois pelo aplicativo Telegram, a investigaç­ão de caixa 2 contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria sido incluída na força-tarefa apenas para criar uma percepção de imparciali­dade para a opinião pública.

Entretanto, o próprio Moro demonstrou preocupaçã­o no diálogo, com receio de perder um apoio político que poderia ser relevante para a investigaç­ão.

“Melindra alguém cujo apoio é importante”. De acordo com o portal, o episódio ocorreu em 13 de abril de 2017, dia seguinte a uma reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, sobre as suspeitas contra FHC. Às 9h07, Moro puxa o assunto perguntand­o se há algo sério sobre o caso. “O que vi na TV pareceu muito fraco”. Dallagnol concorda. Em seguida, Moro pergunta se o suposto crime de caixa 2 em 1996 já não estaria prescrito.

Dallagnol, então, repassa o questionam­ento no grupo Conexão Brasília Curitiba. “Caros, o fato do FHC é só caixa 2 de 96? Não tá prescrito? Teve inquérito?”, perguntou, às 11h42. “Mandado pra SP. Não analisamos prescrição”, respondeu Sergio Bruno Cabral Fernandes, promotor do Ministério Público do Distrito Federal e dos Território­s, que integrava o grupo de trabalho da Lava

Jato na Procurador­ia Geral da República.

Às 13h26, Dallagnol repassa a informação a Moro. E, em seguida, avalia: “Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparciali­dade”.

RESPOSTA AOS CRíTICOS

Quando os diálogos ocorreram, a Lava Jato era alvo de ataques de políticos de esquerda, que acusavam a força-tarefa de poupar políticos do PSDB, partido de FHC. Meses antes, Moro tinha aparecido sorridente em uma foto ao lado de Aécio Neves, do PSDB. No mesmo registro, também apareciam Michel Temer, do MDB, e Geraldo Alckmin, do PSDB.

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